O ano de 2024 foi marcado por vários desastres climáticos pelo Brasil e pelo mundo. Entre os destaques estão as chuvas no Rio Grande do Sul, o furacão Milton, a seca no Norte e temporais em São Paulo.
Relembre as maiores crises climáticas do ano de 2024:
Chuvas no Rio Grande do Sul
Entre abril e maio, o estado do Rio Grande do Sul enfrentou fortes chuvas, que provocaram estragos, alagaram cidades e deixaram mortos. O lago Guaíba bateu recorde histórico e chegou a subir 5,30 metros.
A Defesa Civil do Estado do Rio Grande do Sul divulgou que ao menos 180 pessoas morreram devido às fortes chuvas. Segundo informações da Agência Brasil, 2,398 milhões de pessoas foram afetadas de alguma maneira pela tragédia climática, o equivalente a 22,04% da população do Rio Grande do Sul que, segundo o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2022, era de mais de 10 milhões pessoas.
Os impactos das inundações causaram danos em 478 dos 497 municípios gaúchos, ou seja, 96,18% do total.
Para ajudar os afetados pela chuva, o governo lançou o Auxílio Reconstrução . Os afetados receberam um pix de até R$ 5.100 em uma única parcela.
Os brasileiros também mostraram solidariedade doando valores em dinheiro e enchendo caminhões com água potável, alimentos, roupas e cobertores. Entre os muitos municípios que enviaram suas doações, estava o de Brumadinho, afetado pelo rompimento da barragem, em 2019. Em algumas reportagens, os moradores do município mineiro relataram que era uma forma de retribuir o carinho que receberam do povo do gaúcho na época.
Nicolas Prattes, Virginia, Whindersson Nunes, Anitta, Neymar e tantos outros artistas, atletas e influenciadores digitais se uniram para ajudar o RS. O jogador Thiago Maia, do Internacional, foi contemplado com o prêmio Fair Play da Fifa. O prêmio foi um reconhecido pelo trabalho voluntário nas enchentes.
Furacão Milton
Em outubro, a costa oeste dos Estados Unidos, Cuba e o México sofreram momentos de apreensão com a chegada do furacão Milton , chamado também de “a tempestade do século”. O furacão veio logo após o Helene, que deixou mais de 200 mortos.
Nos EUA, pessoas precisaram deixar suas casas. O furacão chegou a passar pelas cidades Tampa e Fort Myer, trazendo chuvas intensas, fortes ressacas do mar e ventos de até 200 km/h .
O Milton foi classificado como categoria 5, o mais forte dos rankings dos furacões, e intensificou-se de forma quase sem precedentes, impulsionado pelas altas temperaturas recordes das águas do Golfo do México. Após tocar o solo, o fenômeno perdeu forças e desceu para categoria 3.
Um dos aspectos que tornou o furacão Milton muito intenso foi a presença de um "olho de alfinete", uma característica rara em que o centro da tempestade é visivelmente menor do que o normal, o que pode provocar flutuações rápidas na sua intensidade.
2024: o ano mais quente da história
O Serviço de Mudança Climática do Copernicus (CS3) anunciou que 2024 se tornaria o ano mais quente já registrado. Segundo o relatório, novembro de 2024 foi o segundo mais quente da história, ficando atrás apenas de novembro de 2023. Durante o mês, a temperatura média do ar mundial atingiu 14,1°C, valor 0,73°C acima da média registrada entre 1991 e 2020 para o mesmo período.
Os efeitos puderam ser sentidos no Brasil. No estado de São Paulo, o mês de setembro foi o segundo mais quente da história, só perdendo para 2023. Já outubro começou com uma grande onda de calor .
Entre janeiro e novembro de 2024, a temperatura média global foi de 0,72°C acima da média histórica de 1991 a 2020. Essa marca supera o recorde anterior do mesmo período de 2023 por 0,14°C.
Com base nesses dados, o Copernicus declarou ser “virtualmente certo” que 2024 ultrapassará o limite de aumento de 1,5°C na temperatura global pela primeira vez na história, consolidando-se como o ano mais quente já registrado.
O boletim também apontou anomalias de temperatura em regiões da Europa, África, Américas e Ásia durante novembro de 2024, destacando os impactos do aquecimento global nessas áreas.
Chuvas na Espanha
Em outubro, cidades da Espanha sofreram com fortes tempestades que atingiram o país. Em grande parte do leste e do sul foram registradas inundações que causaram interrupções no transporte ferroviário e aéreo.
As águas turvas invadiram as ruas do município de Letur, na província de Albacete (leste), arrastando automóveis, segundo imagens exibidas pela televisão espanhola.
Pelo menos 220 pessoas morreram pelas inundações provocadas pelas chuvas torrenciais na Espanha. Boa parte das vítimas morava em Valência, terceira maior cidade do país, especialmente na região sul.
Além de Valência, outros municípios ao redor foram afetados. Em alguns deles, como Turís e Utiel, choveu no mês o esperado para o ano inteiro. Familiares, amigos e vizinhos precisaram se unir às equipes de resgate - vindas de várias partes da Espanha e do mundo, como o grupo Topos Azteca do México - e aos cães farejadores em busca das crianças.
Queimadas
A CNM ( Confederação Nacional dos Municípios ) estimou que mais de 10 milhões de brasileiros foram diretamente afetados pelos incêndios florestais que ocorreram no país desde o início de agosto de 2024. Esse número não inclui a população total dos municípios afetados.
Com tantas queimadas no país, em alguns lugares teve até a "chuva preta" , quando a água se mistura com os resíduos presentes no ar.
De acordo com a CNM, 531 cidades brasileiras decretaram estado de emergência devido às queimadas. Houve um aumento no número de pessoas impactadas e no número de municípios em estado de emergência em comparação ao ano anterior.
Todos os estados brasileiros reportaram ao menos um município nessa situação, com destaque para Mato Grosso, Tocantins e São Paulo, que concentraram o maior número de decretos de emergência.
A cidade de São Paul o enfrentou dias de ar mais poluído do mundo. A combinação da seca com o calor e as queimadas rendeu à capital paulista o índice de 160 (quanto mais alto, pior), considerado insalubre. A região norte e centro-oeste do estado também sofreram com o fogo.
Em alguns lugares, descobriram pessoas ateando fogo de forma criminosa. Um homem foi preso em flagrante após incendiar uma área de mata preservada na zona rural de Batatais, no interior de São Paulo. Ele afirmou ter agido sob ordens do PCC. Pelo menos 10 pessoas foram detidas pelo mesmo crime.
O Pantanal também sofreu com as queimadas. Um incêndio de grandes proporções tem devastado a Terra Indígena Kadiwéu , em Porto Murtinho (MS).
O número de focos de incêndio na Amazônia alcançou níveis sem precedentes em 17 anos. Desde o início do ano, foram registrados cerca de 59 mil focos de fogo na região, um número que não era visto desde 2008. Este aumento dramático nas chamas gerou uma imensa nuvem de fumaça que se expandiu por várias partes do Brasil.
Chuvas em São Paulo
Além do calor e das queimadas, São Paulo também sofreu com tempestades. Um temporal atingiu o estado em outubro, matando sete pessoas e deixando três gravemente feridas, de acordo com a Defesa Civil.
A capital registrou ventos com velocidade de 107,6 km/h, os mais fortes desde 1995.
Três pessoas morreram em Bauru , no interior, uma na capital e uma em Diadema, após quedas de árvores, e duas em Cotia, depois que um muro desabou.
A região da Grande São Paulo contou com um apagão que afetou mais de 2 milhões de pessoas. Pessoas chegaram a ficar mais de uma semana sem luz, gerando caos na região.
Com tantos problemas da energia, a Enel foi tida como uma das principais culpadas e virou tema de dabates entre Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) durante o período eleitoral.
70% dos paulistanos consideraram a Enel “muito responsável” por apagões que afetaram a cidade de São Paulo.
Seca histórica
Uma seca severa atingiu a região amazônica em 2024 e gerou impactos, afetando mais de 767 mil pessoas no estado do Amazonas. Segundo a Defesa Civil, aproximadamente 190 mil famílias enfrentaram dificuldades devido à estiagem, que prejudicou tanto o cotidiano quanto a economia local.
Os principais rios da região, como o Rio Negro, ficaram em níveis críticos. Em Manaus, a praia da Ponta Negra foi interditada, e o transporte fluvial foi comprometido pelo surgimento de bancos de areia.
Comunidades ribeirinhas, como a de Getúlio de Castro, relataram dificuldades na navegação e no transporte em canoas, além do aumento nos custos de combustível.
A seca criou eventos raros na região norte como uma "tempestade de areia" em Manaus. Vídeos feitos por moradores mostrou uma quantidade imensa de poeira voando sobre a cidade, invadindo casas, apartamentos e imóveis comerciais.
Além da poeira, o fenômeno causou ainda mais transtornos por estar acompanhado de muita fumaça proveniente de queimadas, que encobriu prédios, prejudicou a visibilidade e causou incômodo respiratórios. Não se sabe qual foi a velocidade dos ventos durante a “tempestade”.