Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) afirmaram que as imagens divulgadas nessa quarta-feira (19) que mostram o então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Gonçalves Dias no Palácio do Planalto no dia dos ataques aos prédios dos Três Poderes mostram "incompetência" do ex-ministro, mas não a participação dele nos ataques .
Além de Dias, outros integrantes do GSI também aparecem nas gravações das câmeras de segurança, mas tiveram os rostos borrados. Segundo os integrantes do Supremo ouvidos pelo jornal O Globo , os registros não significam que os membros do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenham participado dos atos antidemocráticos — o que alega a oposição.
Um dos ministros disse que, "incompetência é uma coisa, participação em golpe é outra".
A conduta dos militares no dia 8 de janeiro deve ser analisada pelo STF. Nesta quinta-feira (20), o ministro Alexandre de Moraes determinou que a Polícia Federal ouça Gonçalves Dias em até 48 horas, após a divulgação das imagens.
Moraes ainda solicitou que o atual chefe interino do GSI, Ricardo Cappelli , envie ao STF a identificação de todas as pessoas que aparecem na gravação em 24 horas.
A divulgação das imagens das câmeras de segurança do Palácio do Planalto ocorre no momento em que o Supremo julga se recebe ou não 100 denúncias nos inquéritos que apuram os atos do 8 de janeiro. A análise começou nessa terça (18) e está prevista para acabar na próxima segunda (24).
Essas denúncias foram apresentadas em dois inquéritos com tramitação no STF. Uma das investigações se trata dos responsáveis por incitar os atos. As pessoas que já foram denunciadas nesse inquérito eram as que estavam acampadas no QG do Exército, em Brasília, e foram acusadas de incitação ao crime e associação criminosa.
A outra ação foca nas pessoas que participaram diretamente dos ataques. Neste caso, elas foram acusadas pelos crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e associação criminosa.
Entenda o caso
Imagens das câmeras de segurança do Palácio do Planalto reveladas pela CNN Brasil nessa quarta, mostram que no dia dos ataques aos prédios dos Três Poderes, em 8 de janeiro , Gonçalves Dias estava no local e chegou a orientar os responsáveis pelos atos a deixarem o Planalto.
Após a repercussão da gravação, o GSI divulgou uma nota informando que o vídeo mostra o momento em que agentes tentavam evacuar os quarto e terceiro pisos do Palácio do Planalto, com o intuito de concentrar os golpistas no segundo andar.
O objetivo era "aguardar o reforço do pelotão de choque da PM/DF", quando foi efetuada a prisão dos manifestantes.
Também foi informado que as condutas dos agentes envolvidos nos ataques de 8 de janeiro estão sendo "apuradas", e que, se comprovadas irregularidades, os mesmos podem ser punidos.
Mais tarde, Dias pediu demissão do cargo ao presidente Lula , em reunião no Palácio do Planalto.
O ex-interventor na Segurança Pública do Distrito Federal Ricardo Capelli assumiu como secretário-executivo do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) interinamente. Embora não oficialmente, Capelli tem status de ministro, substituindo o general Gonçalves Dias.
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