O ex-interventor na Segurança Pública do Distrito Federal Ricardo Capelli deve ser nomeado como secretário-executivo do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) interinamente. Embora não oficialmente, Capelli terá status de ministro, substituindo o general Gonçalves Dias.
Dias pediu demissão nesta quarta-feira (19) após a divulgação de imagens que apontam uma possível conivência do GSI em meio aos ataques no Palácio do Planalto. O secretário-executivo do gabinete, Ricardo Nigri, também foi afastado do cargo.
"O presidente Lula convidou Ricardo Cappelli para assumir interinamente a Secretaria Executiva do GSI. Ricardo Cappelli responderá pelo Gabinete de Segurança Institucional durante os próximos dias, até posterior definição", disse a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), em nota.
Ele ficou conhecido por ter sido responsável pela segurança pública do Distrito Federal após os atos de 8 de janeiro. Capelli comandou as investigações sobre a participação e conivência de policiais militares do DF nos atos antidemocráticos. O trabalho do interventor foi elogiado por Lula.
Ricardo Capelli será o primeiro civil a assumir o comando do Gabinete de Segurança Institucional. A nomeação de um membro fora das Forças Armadas já era defendida por Lula, mas o petista resolver colocar Gonçalves Dias por ter sido responsável por sua segurança nos seus dois primeiros mandatos e na campanha eleitoral de 2022.
Quem é Ricardo Capelli
Cappelli tem 50 anos e é natural do Rio de Janeiro. Formado em jornalismo e pós-graduado em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), ele foi escolhido pelo ministro Flávio Dino para ser o número dois da pasta da Justiça e Segurança Pública.
Ainda, durante a gestão de Dino como governador do Maranhão, Cappelli foi secretário de comunicação no segundo mandato. No primeiro, chefiou o gabinete de representação do Maranhão em Brasília.
No primeiro governo de Lula, entre 2003 e 2006, Capelli trabalhou como secretário nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social. No ano de 2008, atuou como secretário de desenvolvimento na prefeitura de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro.
Demissão de Gonçalves Dias
O general Gonçalves Dias, pediu demissão do cargo de ministro do GSI após as suspeitas de conivência com os golpistas nos ataques ao Palácio do Planalto em 8 de janeiro. Dias é o primeiro ministro que cai no terceiro governo de Lula.
O pedido foi entregue diretamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em reunião no Palácio do Planalto. A demissão ocorre após imagens de câmera de segurança que mostram Gonçalves Dias no Palácio do Planalto durante os ataques.
Nesta quarta, foram divulgadas imagens que mostram o ex-ministro no Palácio do Planalto no dia dos ataques em Brasília. Em um trecho da gravação, obtida pela CNN Brasil, é possível ver Dias orientando os responsáveis pelos atos a deixar o Planalto.
Segundo as filmagens, às 16h29, Gonçalves Dias andava pelo terceiro andar do Palácio, na antessala do gabinete do presidente da República. Ele tenta abrir duas portas e depois entra no local.
Minutos depois, o general aparece caminhando pelo mesmo corredor com alguns dos responsáveis pelos atos. As gravações sugerem, conforme a CNN, que ele indicava a saída de emergência ao grupo.
Após a repercussão das imagens, Gonçalves Dias cancelou sua ida à Câmara dos Deputados, onde participaria de uma audiência na Comissão de Segurança Pública. Ele foi convidado a falar sobre a atuação do GSI durante os atos antidemocráticos contra a Praça dos Três Poderes, mas apresentou um atestado médico horas antes da oitiva. Antes da demissão, a comissão aprovou a convocação do ex-ministro, o que obriga ele a prestar depoimento.