O empresário João Amoêdo (Novo) , candidato à Presidência da República em 2018, disse que o presidente Jair Bolsonaro (PL) , se reeleito, pretende estabelecer um regime nos moldes do implantado por Hugo Chávez na Venezuela .
Em suas redes sociais, Amoêdo criticou a proposta defendida por Bolsonaro e seu vice, o senador eleito Hamilton Mourão (Republicanos), de aumentar a composição do Supremo Tribunal Federal (STF) . Se aceita, a proposta daria ao futuro presidente eleito um maior poder sobre as indicações para a Corte.
"A proposta, de aliados do governo, de aumentar o número de ministros do STF é um risco grave para a independência dos Poderes. Bolsonaro, se reeleito, indicaria a maioria da Corte. Este foi um dos passos de Hugo Chávez para transformar a Venezuela em uma autocracia”, escreveu Amoêdo nas redes sociais.
A publicação, no entanto, gerou diversas reações, principalmente por parte dos integrantes do partido Novo. Uma delas foi do deputado federal Marcel van Hattem (Novo), que ironizou o posicionamento do empresário: "Vai votar no PT?".
Questionando se Amoêdo votará no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) , adversário de Bolsonaro no segundo turno, que ocorre em 30 de outubro, van Hatten falou sobre o fato de Amoêdo não ter declarado apoio ao candidato do partido, Felipe D'Ávila, no primeiro turno das eleições .
"Você não fez uma menção de apoio ao Felipe D'Ávila do nosso Partido Novo, só o criticou" , iniciou o parlamentar. "Critica muito Bolsonaro, mas faz um mês que não fala do Lula. Além de ajudar o ex-presidiário na campanha, vai votar no PT? Você adora cobrar posição dos outros: e a sua agora?", questionou van Hattem.
Para a chapa de Lula , a publicação de Amoêdo foi vista como um possível aceno de apoio ao petista. O deputado federal André Janones (Avante) — que também foi candidato à presidência, mas desistiu da disputa e anunciou apoio a Lula — convidou o ex-presidente do Novo a fazer o "L", em referência ao gesto utilizado pelos apoiadores do petista.
Direção do Novo
Após deixar a Executiva Nacional do partido, Amoêdo já havia sinalizado a vontade de voltar à direção do Novo e insatisfação com o governo Bolsonaro .
Em e-mail enviado aos membros do Diretório Nacional em setembro do ano passado, ele se colocou "à disposição para retornar, de imediato" ao comando sigla e ajudar no pleito das eleições 2022 . Para ele, a condição de "oposição" a Bolsonaro é uma diretriz do partido e deve ser seguida pelos mandatários.
"O roteiro que eu implementaria se estivesse no diretório seria, primeiro, ter uma conversa muito objetiva com os nossos deputados federais, mostrando os diversos pareceres de juristas que colocam os crimes de responsabilidade praticados por Bolsonaro. Se não chegarmos a um consenso, não me parece razoável que essas pessoas que têm uma visão tão distinta sobre um tema tão relevante saiam candidatas pelo partido em 2022", afirmou no texto.
Amoêdo deixou a presidência do Novo em março de 2020 , após Eduardo Ribeiro ser eleito o novo comandante da sigla.
Ministros do STF
Nesse domingo (9), Bolsonaro disse que pode repensar a proposta de aumentar o número de ministros no Supremo , mas que só decidirá após as eleições e que a medida depende de a "temperatura abaixar" na Corte.
Bolsonaro já indicou dois ministros ao Supremo, e pode indicar mais dois caso vença o segundo turno das eleições , já que Rosa Weber e Ricardo Lewandowski atingiriam a idade para aposentadoria.
Atualmente, o STF conta com 11 ministros, sendo composto por duas turmas de 5 magistrados, além do presidente da Corte.
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