Ministros da Educação do governo Bolsonaro: Milton Ribeiro, Ricardo Vélez Rodriguez, Abraham Weintraub e Carlos Alberto Decotelli
Montagem iG - Agência Brasil: Valter Campanato / Marcelo Camargo / Marcello Casal Jr
Ministros da Educação do governo Bolsonaro: Milton Ribeiro, Ricardo Vélez Rodriguez, Abraham Weintraub e Carlos Alberto Decotelli





Na tarde da última segunda-feira (28),  Milton Ribeiro anunciou a saída da chefia do Ministério da Educação (MEC) após suposto favorecimento de pastores na distribuição de verbas da pasta . Com isso, ele se tornou o quarto ministro anunciado a deixar o comando do MEC desde o início do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), em janeiro de 2019.

Com a saída de Ribeiro, o governo Bolsonaro soma 28 trocas em ministérios. Somente na pasta da Educação, passaram nomes como o de Ricardo Vélez Rodríguez, Abraham Weintraub, Antonio Paulo Vogel (interino) e o de Carlos Decotelli, que foi anunciado, mas não chegou a empossar.

O nome do quinto responsável por chefiar a pasta da Educação ainda não foi anunciado, mas, nessa quarta-feira (30), o secretário-executivo da pasta, Victor Godoy Veiga, assumiu o posto interinamente . Godoy também é o mais cotado para ocupar a função. O escolhido deve ser anunciado por Bolsonaro até o fim desta semana.

Relembre a trajetória de cada um deles:


Ricardo Vélez Rodríguez - janeiro a abril de 2019

O primeiro ministro da Educação do governo Bolsonaro foi Ricardo Vélez Rodríguez, que ficou apenas quatro meses no cargo, já iniciou a ordem de chefes da pasta com decisões polêmicas.

Entre elas, Vélez pediu revisões em livros didáticos sobre a Ditadura Militar no Brasil, em que propunha trocar a forma como o período é ensinado nas escolas. Além disso, também determinou que as instituições filmassem as crianças cantando o hino nacional e que um pedido de cumprimento voluntário fosse lido no primeiro dia letivo daquele ano, com o slogan usado por Bolsonaro durante a campanha eleitoral: "Brasil acima de tudo. Deus acima de todos" .

Ele, no entanto, desistiu da ideia da filmagem das crianças por "questões técnicas e de segurança" .

Outra fala bastante comentada do ex-ministro é de quando ele disse que o brasileiro parece um "canibal" quando viaja ao exterior e "rouba coisas dos hotéis". Depois,  se retratou e afirmou ter sido "infeliz" na colocação.

ex-ministro foi exonerado após enfrentar "disputa interna" dentro do próprio MEC, devido a desentendimentos entre militares e seguidores do  escritor bolsonarista Olavo de Carvalho — que morreu em 24 de janeiro, aos 74 anos  —, que era visto como uma espécie de 'guru' da família do presidente.

Abraham Weintraub - abril de 2019 a junho de 2020

Assim que Bolsonaro anunciou a demissão de Vélez, comunicou que o posto seria ocupado pelo economista Abraham Weintraub , que participou da equipe que fez a transição do governo do ex-presidente Michel Temer para o governo atual.

A gestão de Weintraub foi marcada por problemas como a falha na correção e atribuição de notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) , além do conflito com diversos setores acadêmicos.

Porém, a permanência do economista no cargo ficou realmente instável após ele ter virado alvo de um inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga fake news e ataques contra a Corte , já que, em uma reunião com o chefe do Executivo, o ex-ministro ofendeu e defendeu a prisão dos ministros do Supremo .

A pressão para a queda de Weintraub aumentou ainda mais quando ele participou de uma manifestação pedindo o fechamento do Congresso e do STF.

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Pouco depois,  Bolsonaro afirmou que o então ministro não foi "prudente" ao ir ao ato e que esse era um problema que ele estava tentando "solucionar".

Com a saída de Weintraub,  Antônio Paulo Vogel de Medeiros assumiu o posto interinamente . Antes de chefiar o ministério, Vogel ocupava o cargo de secretário-executivo, considerado o "número dois" de Weintraub.

Carlos Alberto Decotelli (não tomou posse) - junho de 2020

Depois,  Carlos Alberto Decotelli chegou a ser anunciado , mas não tomou posse.  O nome do também economista foi publicado no Diário Oficial , mas, cinco dias depois, ele se reuniu com o presidente Bolsonaro e entregou uma carta de demissão .

Mesmo sem ter assumido a pasta, Decotelli acumulou polêmicas em sua curta passagem pelo MEC, principalmente por diversas incoerências em seu currículo profissional. As Universidades de Rosário (Argentina) e Wuppertal (Alemanha) negaram que o ex-ministro tivesse concluído, respectivamente, os programas de  doutorado e pós-doutorado nas instituições .

A gota d'água foi quando a Fundação Getúlio Vargas (FGV) também apontou inconsistências de Decotelli , afirmando que ele nunca foi pesquisador ou professor das escolas da instituição, como ele dizia em entrevistas e como constava no currículo dele.

Milton Ribeiro - julho de 2020 a março de 2022


Depois de Decotelli,  Milton Ribeiro foi o nome anunciado por Bolsonaro para assumir o cargo e também o que ficou mais tempo frente à pasta da Educação durante este governo.

Pouco tempo após ser empossado, a primeira polêmica de Ribeiro foi quando relacionou a homossexualidade a "famílias desajustadas" , o que fez com que a Procuradoria-Geral da República (PGR) o denunciasse ao STF pelo crime de homofobia . Ele também foi bastante criticado ao falar que "há crianças com deficiência que é impossível a convivência" , precisando ir ao Senado dar explicações .

Além de ter a gestão marcada pelo maior número de abstenções do Enem  e  atraso na realização das provas , durante o comando de Ribeiro, houve a debandada de funcionários do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) . Duas semanas antes da aplicação do Enem, servidores do Inep pediram demissão na pior crise institucional envolvendo o instituto, justificando a decisão por falta de gestão, assédio moral e ingerência do ministério na autarquia.

O Tribunal de Contas da União (TCU) abriu uma investigação para apurar irregularidades na organização da prova e no Inep .

Agora, Ribeiro deixou o cargo dez dias após a denúncia envolvendo dois pastores que atuavam como lobistas e pediam propina a prefeitos para destravar recursos da Educação.

Um inquérito foi aberto pela Polícia Federal para apurar o caso após um pedido da PGR , que viu indícios dos crimes de corrupção passiva, tráfico de influência, prevaricação e advocacia administrativa.

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** Letícia Moreira é jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero. No Portal iG, trabalha nas editorias de Último Segundo e Saúde, cobrindo assuntos como cidades, educação, meio ambiente, política e internacional.

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