Uma equipe do Hospital Albert Einstein composta por cinco médicos, entre eles o cirurgião Leandro Echenique e o cardiologista Antonio Luiz de Vasconcellos Macedo, foi até o Rio de Janeiro e fez uma avaliação médica de Bolsonaro, candidato à Presidência da República pelo PSL, que durou mais de uma hora e meia e concluiu que Bolsonaro apresentou evolução clínica e nutricional e que está liberado para participar dos eventos de campanha.
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Após a avaliação médica de Bolsonaro , a assessoria do candidato divulgou uma nota informando que ele passou por exames de imagem e de laboratório e que “apresenta boa evolução clínica, e a avaliação nutricional evidenciou melhora da composição corpórea, mas ainda exigindo suporte nutricional e fisioterapia”.
Uma nota emitida pelo cirurgião e pelo cardiologista, no entanto, esclareceu que a participação em debates por parte de Bolsonaro depende dele, ou seja, do ponto de vista clínico, ele está liberado.
A conclusão é, portanto, bem diferente da apresentada na penúltima avaliação feita em 10 de outubro, quando os próprios médicos avaliaram que Jair Bolsonaro ainda estava com anemia e precisava recuperar massa perdida, estando vetado de fazer atividades de campanhas. Na ocasião, o cirurgião disse que "ele ainda tem anemia. Então, a liberação não é completa. Não pode fazer viagens, nem atividades mais prolongadas", mas o cardiologista declarou que "com certeza ele terá condições na semana que vem", se referindo a avaliação realizada hoje.
Avaliação médica de Bolsonaro
A avaliação médica de Bolsonaro foi feita pelo cirurgião Antônio Luiz Macedo, o mesmo que operou o candidato em São Paulo no dia 12 de setembro, e por Leandro Echenique, cardiologista da equipe, na casa de Bolsonaro, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Eles chegaram na residência por volta das 9h45 e deixaram o local às 11h50 sem falar com a imprensa. Pouco tempo depois, no entanto, o Hospital Israelita Albert Einstein emitiu uma nota em que relata que o quadro de saúde do candidato está evoluindo bem e que "depende dele" querer retomar as atividades de campanha, inclusive a participação em debates.
Os médicos afirmaram que há pacientes que, com colostomia, como é o caso de Bolsonaro, ficam fragilizadas e que há pacientes que toleram bem – antes de ressaltarem que a colostomia é recente e que depende de como o candidato vai se sentir ao ficar muito tempo fora do ambiente domicilar para saber a extensão de suas limitações.
Os médicos explicam que a colostomia é uma procedimento que liga uma parte do intestino à parede do abdômen para criar um novo trajeto para as fezes e os gases que ficam armazenados numa bolsa externa. Por fim, a nota emitida pelo Hospital Israelita Albert Einstein explica que, após ser submetido à avaliação médica multiprofissional, de exames de imagem e laboratoriais, a colostomia permanece como fator limitante relativo.
Participação em debates gera polêmica
Com a liberação dos médicos, agora resta ao próprio candidato tomar decisões sobre a participação em debates com o adversário Fernando Haddad, do PT, e sobre eventuais viagens para fora do Rio de Janeiro, onde o candidato permanece desde que deixou o hospital em São Paulo uma semana antes do primeiro turno, após receber uma facada no abdômen em atentado durante uma passeata em Juiz de Fora (MG), no dia 6 de setembro, portanto há 42 dias.
A própria campanha do presidenciável do PSL, por sua vez, declarou nos últimos dias que aguardava a avaliação médica de Bolsonaro para definir os próximos passos. De qualquer forma, o candidato do PSL tem concedido entrevistas exclusivas – para jornalistas que foram realizadas na própria casa do candidato ou de um de seus apoiadores – e coletivas e se deslocado para fazer gravações da propaganda eleitoral, que voltou a ser veiculada no rádio e na TV neste segundo turno desde a última sexta-feira (12).
Ainda no 1º turno, no entanto, uma das entrevistas, concedida ao jornalista Eduardo Ribeiro , do Jornal da Record , causou polêmica por ter sido gravada, editada e exibida no mesmo horário em que a TV Globo realizava o último debate do primeiro turno, na noite de quinta-feira (4), no qual Bolsonaro negou participar por questões médicas .
Na ocasião, Bolsonaro foi chamado de "covarde" e "amarelão" por não ter comparecido ao evento e ter preferido gravar uma entrevista, em que falou continuamente por cerca de 25 minutos. O dono da TV Record, bispo Edir Macedo, declarou apoio à campanha de Bolsonaro ainda no primeiro turno mesmo com o Partido Republicado Brasileiro (PRB), considerado o braço política da Igreja Universal da qual o bispo é líder, compondo a coligação do candidato derrotado do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin.
Os demais candidatos também se queixaram de que a emissora infringiu a legislação eleitoral ao exibir uma entrevista do candidato sem oferecer tempo proporcional de TV aos demais candidatos.
Em outro caso, no entanto, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já rejeitou as representações ajuizadas por PSOL e PT , no início do mês, contra a TV Band , que também veiculou uma entrevista de 45 minutos concedida por Bolsonaro ao programa Brasil Urgente , apresentado pelo jornalista José Luiz Datena, ainda de dentro do quarto do Hospital Israelita Albert Einstein, onde o candidato do PSL se recuperava das cirurgias realizadas para conter os danos causados pelo atentado.
Ciente da evolução clínica de Bolsonaro, no entanto, a campanha do PSL e o próprio candidato já começaram a adotar outro tom, desqualificando o adversário do PT , admitindo que poderia não comparecer aos debates "por estratégia" em mais de um momento e questionando a pertinência de debater com o Haddad. Bolsonaro, inclusive, chegou a discutir com o candidato petista pelo Twitter, afirmando que "quem conversa com poste é bêbado" , em referência à indicação de Haddad como substituto do ex-presidente Lula na corrida presidencial.
O candidato do PT, por sua vez, já tinha declarado que estava disposto a ir "até a uma enfermaria" para debater com Bolsonaro as ideias para o País e respondeu os comentários do adversário com uma foto do cenário do debate da TV Globo e uma legenda dizendo "te espero aqui".
Até o momento, porém, Bolsonaro já provocou o cancelamento de pelo menos três debates marcados para o dia 11, na TV Bandeirantes
, dia 14, da TV Gazeta/Estadão
, e dia 15, do SBT/Folha de S. Paulo
, além do debate da RedeTV/Isto é
, que não chegou a ter data confirmada.
Agora, após a avaliação médica de Bolsonaro ter liberado o candidato do PSL, resta a expectativa para a definição da campanha sobre a participação em debates da TV Record e da TV Globo que estão marcados para o próximo domingo (21), em São Paulo, e próxima quinta-feira (25), no Rio de Janeiro, respectivamente, por parte do presidenciável. Se o deputado federal mantiver sua posição, porém, essa será a primeira vez na história que os candidatos à Presidência não se enfrentam em debates no 2º turno das eleições presidenciais.