A quarta-feira (1º) foi bem quente na Venezuela. Um dia depois de Juan Guaidó afirmar que tinha recebido o apoio das Forças Armadas e receber a resposta de Nicolás Maduro, o autoproclamado presidente voltou a discursar e prometer que não dará trégua ao atual presidente do país. Até agora, quatro pessoas morreram e dezenas ficaram feridas nos protestos na Venezuela.
Apoiador de Guaidó, Bolsonaro se reuniu com ministros para traçar estratégias de ajuda e afirmou, em entrevista, que o Brasil pode sofrer com aumento no preço de combustível devido ao fornecimento vindo da Venezuela .
Manifestações devem continuar
Juan Guaidó fez um pronunciamento no começo da tarde de quarta-feira (1º) comentando as manifestações que tomaram a Venezuela na última terça-feira (30). Depois do primeiro dia de operação para derrubar o atual presidente Nicolás Maduro , Guaidó falou com o público e prometeu continuar as manifestações.
“Como diria Chapolin, eles não contavam com a nossa astúcia”, comentou Guaidó. Ele prometeu continuar pressionando Maduro e afirmou que as manifestações atuais são “apenas o começo”. “O mais importante é ficar nas ruas”, declarou.
A declaração veio após Maduro se pronunciar a respeito das Forças Armadas do país, alegando ter seu apoio. Juan Guaidó , por sua vez, chamou a população que o apoia a continuar nas ruas : “Vamos ficar nas ruas por que nosso sacrifício não é em vão, é pela nossa família e nosso futuro”. Ele prometeu manter os protestos até que Nicolás Maduro seja tirado do poder.
Guaidó conta com o apoio de Leopoldo López, ex-prefeito de Chacao e principal nome da oposição depois dele. López estava em prisão domiciliar, mas foi libertado pelas forças de Guaidó e está asilado na embaixada da Espanha em Caracas.
Governo da Venezuela fala em "censura"
O governo da Venezuela acusou o Twitter de suspender contas institucionais e de ministérios do governo de Nicolás Maduro, como o da Mulher, da Educação e de Energia. Caracas afirma que a rede social "violou mais uma vez a liberdade de expressão para defender seus próprios interesses".
Outras entidades da Venezuela, como a agência de notícias AVN, o Ministério do Petróleo e os jornais "El Correo del Orinoco", também teriam sido afetados, além de contas de embaixadas e consulados venezuelanos pelo mundo.
A mulher do opositor Leopoldo López, por sua vez, afirma que sua casa foi invadida e roubada na última noite. A família se refugiou na embaixada da Espanha.
Maduro convoca grande plano de mudanças
Durante seu pronunciamento do Dia do Trabalhador, o presidente Nicolás Maduro atacou opositores e convocou a população para desenhar o que chamou de "grande plano de mudanças" .
"Todos os dias penso como podemos melhorar, que coisas temos que mudar, que estamos fazendo mal", disse. "Quero convocar uma grande jornada de diálogo e propostas para que digam a este governo o quê que tem que ser mudado".
Bolsonaro atento à questão dos combustíveis
O presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta quarta-feira, que o preço do petróleo no mundo pode subir, com impacto no preço dos combustíveis no Brasil, devido ao agravamento da crise na Venezuela.
"Com essa ação, com embargos, o preço do petróleo a princípio sobe. Temos que nos preparar, dada a política da Petrobras, de não intervencionismo nesta parte. Mas poderemos ter um problema sério dentro do Brasil como efeito colateral do que acontece na Venezuela. A política de reajuste adotada no momento é essa, e vamos conversar sobre eventuais problemas que venham a afetar de forma grave o Brasil", disse.
O presidente também afirmou que a interrupção do fornecimento de energia da Venezuela para Roraima tem um alto custo para o Brasil. O estado é abastecido pela usina de Guri, no país vizinho, mas agora está usando termelétricas.
Venezuelanos fogem para o Brasil
No primeiro dia de conflito entre opositores liderados por Juan Guaidó e apoiadores de Nicólas Maduro na Venezuela, a imigração de venezuelanos na fronteira do Brasil praticamente triplicou. Apenas na terça-feira, 848 pessoas entraram no país. A média diária é de 250 a 300 entradas, segundo informações da Casa Civil. Houve um total de 121 pedidos de refúgios.
Enquanto isso, 25 militares que pediram asilo ao Brasil desapareceram . O próprio presidente da Assembleia Nacional pediu o asilo para os militares a Jair Bolsonaro, que concordou em oferecer proteção aos desertores. Os homens, no entanto, não chegaram até a embaixada brasileira em Caracas porque o caminho estava fortemente protegido por tropas leais a Maduro.
Maduro garante que tem apoio das forças armadas
Na manhã desta quinta-feira (2), o presidente Nicolás Maduro apareceu em um vídeo transmitido via redes sociais. Ele estava ao lado do ministro da Defesa Vladimir Lopez Padrino e os dois garantiram que as Forças Armadas do país continuam ao lado de Maduro.
Durante a tarde, Maduro marchou ao lado de militares pelas ruas de Caracas, em uma demonstração de apoio. Segundo o governo, 4.500 homens participaram do ato com o líder chavista. O alto comando do Exército reiterou sua lealdade a Maduro.
No meio tempo, Juan Guaidó compareceu a várias concentrações da oposição na capital da Venezuela e depois se refugiu na residência do embaixador da Espanha em Caracas.