O presidente Jair Bolsonaro reuniu na manhã desta quarta-feira (1º) com ministros e comandantes das Forças Armadas na sede do Ministério da Defesa, para tratar do aprofundamento da crise na Venezuela, no dia seguinte à operação da oposição para derrubar Nicolás Maduro promovida por Juan Guaidó.
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Falando com repórteres na saída do encontro, Bolsonaro afirmou que, na avaliação dele, não houve "derrota" na tentativa de terça-feira de depor Maduro, liderada pelo presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó .
"Não tem derrota nenhuma. Eu até elogio, reconheço o espírito patriótico e democrático que ele tem, por lutar por liberdade em seu país", afirmou Bolsonaro .
No início da manhã de terça-feira (30), Guaidó anunciou que conseguira apoio das Forças Armadas para derrubar Nicolás Maduro e convocou a população a sair às ruas para pressionar o regime bolivariano.
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Não houve ruptura na cúpula das Forças Armadas, que sustentaram o apoio a Maduro. Ao fim do dia, militares desertores e líderes da oposição, como Leopoldo López, que estava em prisão domiciliar e foi libertado por aliados de Guaidó, recuaram e se refugiaram em embaixadas.
Bolsonaro expressou a esperança de que as Forças Armadas abandonem Maduro.
"O informe que temos é que existe uma fissura sim, que cada vez mais se aproxima da cúpula das Forças Armadas. Então, existe a possibilidade de o governo ruir pelo fato de alguns da cúpula passarem para outro lado", disse.
O presidente disse que, ao contrário do que se pensava, 25 militares venezuelanos não se refugiaram na embaixada brasileira. Bolsonaro deixou a entender que, embora tenham tentado, não conseguiram chegar até lá.
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"Não conseguiram entrar na embaixada, porque como temos visto na Venezuela, por parte da ditadura do Maduro, existem cordões de isolamento para que não cheguem na embaixada com facilidade".
O presidente disse que não há contato do governo americano para usar o território brasileiro para realizar uma operação militar na Venezuela, "por enquanto".
"Por enquanto, ainda não há nenhum contato. Se porventura vier, o que é normal acontecer é o presidente reunir o Conselho de Defesa, tomar a decisão e participar o Parlamento brasileiro".
O presidente também afirmou que a interrupção do fornecimento de energia da Venezuela para Roraima tem um alto custo para o Brasil. O estado é abastecido pela usina de Guri, no país vizinho, mas agora está usando termelétricas.
"Ao não fazer manutenção da rede de transmissão, não recebemos mais energia elétrica de Guri, da Venezuela. A situação é emergencial, não podemos continuar de forma eterna com a energia de óleo diesel porque a gente paga cerca de R$ 1 bilhão pela energia de Roraima", explicou.
Bolsonaro é um aliado de Juan Guaidó desde que o líder da Assembleia Venezuelana se autodeclarou presidente da Venezuela em oposição a Nicolás Maduro.