A casa do líder opositor venezuelano Leopoldo López em Caracas foi invadida e roubada, denunciou nesta quinta-feira a mulher dele, Lilian Tintori. O casal se refugiou na embaixada da Espanha na terça-feira após uma tentativa frustrada da oposição venezuelana de depor Nicolás Maduro com a ajuda de militares.
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A invasão ocorreu na noite de terça-feira, quando nem o casal nem seus filhos estavam na residência, segundo Tintori. "Entraram em nossa casa, como delinquentes, sem ordem de busca e sem a nossa presença. Destruíram a casa e roubaram nossas coisas", escreveu a mulher de Leopoldo López , no Twitter.
López foi retirado da prisão domiciliar por militares rebeldes e acompanhou Guaidó na operação contra Maduro , anunciada em vídeo gravado perto da base aérea de La Carlota, na capital venezuelana, após uma rebelião de oficiais.
O apoio militar significativo reivindicado por Guaidó no vídeo não se confirmou na prática. López então seguiu com Lilian e um de seus três filhos para a embaixada da Espanha em Caracas, informou o chanceler chileno, Roberto Ampuero. O casal havia buscado abrigo na sede diplomática de Santiago antes de se refugiar no prédio de Madri.
"Não sabemos qual era a intenção (da invasão da casa). Já sabiam que nem Leopoldo, eu, nem meus filhos estávamos em casa", completou Tintori, que publicou fotografias de livros, documentos e móveis espalhados pelo chão.
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Tintori não mencionou sua condição atual, depois de retornar à residência da família na zona leste da capital venezuelana e constatar a invasão.
"Eu vou arrumar minha casa, porque é o nosso lar (...). Se queriam nos amedrontar, aqui seguiremos de pé, firmes, como todos os venezuelanos", afirmou.
López, que cumpria desde 2014 uma pena por "incitação à violência" nos protestos que convocou naquele ano contra Maduro e que deixaram 43 mortos, não falou sobre a invasão.
Protestos convocados pela oposição nesta semana intensificaram a tensão na Venezuela . A Observatório Venezuelano de Conflito Social (OVCS) informou, pelo Twitter, que Jurubith Rausseo García, de 27 anos, foi morta por impacto de disparo de arma de fogo durante uma manifestação em Altamira, ponto de concentração de opositores desde terça-feira.
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Houve pelo menos 130 feridos nas marchas contra o governo em todo o país, com lesões resultantes de tiros, balas de borracha e gás lacrimogêneo. A oposição liderada por Juan Guaidó e Leopoldo López denunciou a morte de 55 pessoas em ações populares anti-Maduro só em 2019.