Dados do Portal da Transparência da Controladoria Geral da União (CGU) mostram que o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) gastou R$ 35.224,66 com itens de enxoval para o Palácio da Alvorada. As informações vão em contradição com o que foi dito pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), de que, durante a gestão do ex-mandatário, não foi feita "nenhuma licitação" para a compra de roupas de cama e toalhas, porque ela teria levado as que tinha em casa para o Alvorada.
Conforme os números, a primeira compra foi feita em julho de 2020, quando a Presidência gastou R$ 14.578,06 com itens como jogos de toalhas de banho de fio egípcio, travesseiros de pluma e roupas de cama nos tamanhos solteiro, casal e king.
Em dezembro de 2020 foi registrada a segunda compra, quando foram gastos R$ 20.646,60. Na ocasião, foram adquiridos novos lençóis , fronhas e toalhas.
Entenda o caso
Na noite desse domingo (16), Michelle Bolsonaro disse que os móveis retirados do Palácio da Alvorada eram seus, ao responder perguntas dos seguidores. Ela afirmou que as peças que pertencem à União estão no depósito da residência oficial.
Nos stories do Instagram , Michelle ainda disse que os lençóis usados durante os quatro anos da gestão de Bolsonaro foram trazidos de sua casa no Rio de Janeiro.
"Ficamos quatro anos no Alvorada, não fizemos nenhuma licitação de enxoval, não tinha toalha, roupas de cama decentes. Usei os meus lençóis na minha cama, na cama de visitas, para não fazer licitação, porque entendi o momento que nós estávamos vivendo", afirmou.
Na semana passada, a Presidência da República informou que, dos 261 móveis do Palácio da Alvorada que foram dados como desaparecidos no início do ano, durante os atos antidemocráticos de 8 de janeiro, 83 (32%) ainda não foram localizados.
Sem citar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou a primeira-dama, Janja da Silva, Michelle ironizou as cobranças e sugeriu a abertura de uma "CPI dos Móveis".
"Esses móveis estão ou no depósito 5 do Palácio da Alvorada ou no depósito da Presidência. Existem esses depósitos, com várias cadeiras, sofás, mesas, quadros, e você pode fazer esse rodízio. Quando a Marcela Temer me apresentou o Alvorada, em 2018, ela me falou dessa possibilidade e da possibilidade de eu trazer os meus móveis da minha casa e poder utilizá-los no Alvorada", afirmou a presidente do PL Mulher em vídeo nas redes.
Na primeira semana do terceiro mandato de Lula, Janja abriu as portas do Alvorada, em entrevista à GloboNews , e mostrou a má conservação do local, que estava com infiltrações, janelas quebradas, além de danos em tapetes e estofados dos sofás.
Entre os problemas identificados pela nova gestão, estava o desaparecimento de algumas peças do mobiliário, além de esculturas e obras de arte. Em decorrência dos danos identificados no local, a mudança de Lula e Janja foi adiada e ocorreu somente em fevereiro.
O estado de conservação da residência foi a justificativa apresentada pela Secretaria de Comunicação para uma série de compras feitas para o local pelo novo governo.
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