O Ministério Público de São Paulo denunciou Anaflávia Gonçalves, sua namorada, Carina Ramos, e seus três comparsas, pela morte dos pais e do irmão de Anaflávia em janeiro deste ano. Os corpos dos três foram encontrados carbonizados dentro de um jipe na Estrada do Montanhão, em São Bernardo do Campo. O crime chamou a atenção após o casal ser apontado como responsável pelo plano.
Na denúncia, a promotora Thelma Cavarzere acusou os cinco envolvidos por homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, roubo e associação criminosa.
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De acordo com a denúncia, Carina Ramos, namorada de Anaflávia, tinha muito ciúme dela. Com personalidade dominante, conseguia que a filha do casal se submetesse a seus caprichos. Como exemplo disso, Anaflávia chegou a transferir a propriedade de um automóvel que lhe fora dado por seus pais para a namorada.
"Além disso, frequentadora que era da casa das vítimas, Carina via que, apesar de não serem ricos, pois moravam em uma casa bem pequena, dentro de um Condomínio de casas, instalado em área invadida, não possuindo sequer documentação do imóvel, habitavam em melhores condições do que ela", afirma a denúncia.
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A promotora cita ainda que, com a morte de seu pai, Romuyuki, pai de Anaflávia, teria recebido um valor a título de herança, com o qual teria comprado um jipe Compass 2019.
"Para completar, com o advento do final de ano e as boas vendas, os Quiosques da Franquia Água de Cheiro que a família tocava estavam indo em, compras de mercadorias foram feitas, estocadas na residência familiar dentro da sala, tudo diante dos olhos de ambas", diz a denúncia.
Com isso em mente, as duas teriam decidido arquitetar um plano para matar os pais e o irmão, de forma a receber o valor do seguro de vida e o dinheiro que a família possuiria na casa.
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No dia 24 de janeiro, dias antes da morte, Carina realizou pesquisas no Google sobre como resgatar o prêmio de apólice de um Seguro de Vida do Banco Santander. Na ocasião, colocou no campo de pesquisa "segurado vítima de homicídio".
Como planejavam ficar com a casa, os veículos e o dinheiro do seguro de vida, Anaflávia e Carina teriam prometido aos seus três comparsas, dois deles primos de Carina, um pagamento que seria feito com o dinheiro que deveria estar dentro de um cofre no quarto do casal. Carina e Anaflávia acreditavam que havia R$ 85 mil no local.
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No dia do crime, os cinco entram na casa e anunciam o assalto. Anaflávia e Carina fingem que estão sendo rendidas também e a namorada de Anaflávia decreta que os outros não devem reagir.
"Romuyuki e Juan têm suas mãos amarradas por cadarços, e são amordaçados com fita adesiva “silver tape”, trazidos por CARINA. Ambos são também vendados, e levados para o andar de cima, onde sofrem fortes golpes na cabeça, desferidos por instrumento contundente. São deixados no quarto de Juan", afirmou a promotora na denúncia. Flaviana, a mãe de Anaflávia, chega 20 minutos depois e também é rendida.
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Ela é levada ao quarto do casal para abrir o cofre mas os criminosos não encontram nenhum dinheiro no local. Sem o valor, os acusados roubam bens da casa, como jóias, televisão e videogames.
De acordo com a denúncia, após essa fase do crime, os três são mortos e colocados no porta-malas do carro de Romuyuki. O jipe foi encontrado queimado na manhã seguinte por moradores da região. Dois dias depois, Anaflávia e Carina foram presas após prestarem depoimentos com contradições.
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A Polícia Civil avançou na investigação e chegou a dois primos de Carina e um amigo do casal. Os três confessaram o crime e apontaram Carina e Anaflávia como mentoras da morte do casal. Na denúncia, a promotora considerou que as duas atuaram por motivo torpe.
"Carina e Anaflávia mataram as vítimas por motivo torpe, consistente na cobiça de ambas, em ficar com a casa, com os veículos, com o dinheiro que achavam que estava no cofre, e com o dinheiro do Seguro de Vida", afirmou a promotora.
O GLOBO entrou em contato com as defesas dos acusados e aguarda um posicionamento.