O acumulado de focos de calor na Amazônia em agosto e setembro deste ano foi o maior registrado desde 2010, de acordo com artigo publicado na revista Nature Ecology & Evolution . O volume recorde foi superior a 74 mil focos.
Segundo o grupo de pesquisa, a causa não se deve à seca extrema , como aconteceu 12 anos atrás, mas vem de ações humanas recentes de desmatamento. Geralmente, nesses meses do ano, a ocorrência de fogo aumenta devido às condições meteorológicas, que estão mais favoráveis para a queima de grandes áreas da Amazônia .
Conforme os cientistas, no entanto, em 2022 não houve nada semelhante, ou seja, os focos de calor estão relacionados a fatores externos.
Ao analisarem onde os focos de calor ocorreram, com base em outro dado fornecido pelo portal TerraBrasilis do Inpe, os pesquisadores perceberam que 62% havia ocorrido em área de devastação recente.
Além disso, em comparação com o mesmo bimestre de 2021, os focos de calor em áreas de desmatamento recente aumentaram em 71%. Os alertas de devastação emitidos pelo Sistema Deter do Inpe também indicam que a área desmatada foi 64% maior que no ano passado.
Conforme o artigo e o TerraBrasilis, esses focos de calor ocorreram, principalmente, em áreas de terras públicas, minifúndios ou propriedades privadas de pequeno a grande porte. No portal, com informações baseadas no Cadastro Ambiental Rural (CAR), o próprio proprietário do imóvel rural é responsável por submeter informações sobre as características ambientais do seu imóvel ao Inpe.
Entre os focos de calor registrados em agosto e setembro deste ano, 35% ocorreram em terras públicas em que o CAR não é exigido, como terras indígenas. Nessas áreas sem o CAR, também houve crescimento de 69% dos focos, em relação ao mesmo bimestre em 2021.
Os últimos dados sobre desmatamento e degradação florestal na Amazônia vão contra as metas estabelecidas pelo Brasil com a comunidade internacional para combater o aquecimento global
. Entre os objetivos estão zerar o desmatamento ilegal até 2028 e diminuir as emissões de gases de efeito estufa em 50% até 2030, em comparação com os níveis de 2005.
Recentemente, após o anúncio da vitória do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) , países como Alemanha , Noruega e Reino Unido anunciaram que têm a intenção de voltar a financiar o Fundo Amazônia .
Gerido pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Fundo Amazônia foi paralisado na gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL) .
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