Presidente Jair Bolsonaro (PL)
Isac Nóbrega/PR - 01/11/2022
Presidente Jair Bolsonaro (PL)

O presidente  Jair Bolsonaro (PL) tem sido aconselhado a chutar o balde e radicalizar nos últimos dias de seu mandato. Após ser abandonado pelo Centrão , ele está cada vez mais próximo da ala ideológica de seu governo e ouve que pode atrapalhar o início de trabalho de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) , caso se radicalize. Há quem defenda que um Bolsonaro sem filtro impediria um mandado de prisão logo no início de janeiro.

Segundo relatos de atores que transitam em Brasília, Bolsonaro não ouve mais conselhos de nenhum político do Centrão . O grupo está focado em compor para 2023 e já negocia espaço no governo Lula . Por causa disso, o ouvido do presidente passou a ser ocupado por membros da ala ideológica radical, inclusive alguns militares, que estão aconselhando o retorno do estilo mais bruto.

O presidente tem ouvido de pessoas próximas que ele precisa radicalizar no discurso e voltar a inflamar seus seguidores. Ele recebeu um documento que mostra a  queda de engajamento em suas redes sociais em mais de 93% desde a derrota nas urnas .

Políticos que se mantiveram próximos a Bolsonaro nos dias que se seguiram aos resultados, o aconselharam a não ir para o embate porque poderia sofrer consequências jurídicas que o impediria de ser o grande nome da oposição. Abatido, o presidente atendeu os pedidos, principalmente de Valdemar da Costa Neto, cacique do PL, que prometeu mundos e fundos a partir do ano que vem, quando o mandatário deixar o Planalto.

Mas com as tratativas do PP e do Republicanos, que deverão ter nomes no governo Lula, e com o PL rachado, Bolsonaro passou a ouvir o núcleo duro que sempre esteve com ele. Essa ala defende que o presidente precisa engrossar o discurso, voltar a colocar em dúvida o resultado das urnas e falar em possível ruptura institucional.

"O presidente sabe falar isso sem cometer crime", disse um aliado à coluna, ao lembrar a infame expressão adotada por Bolsonaro ao longo do mandato sobre jogar dentro das quatro linhas da constituição. É esse político que o grupo quer, mais feroz, com sangue nos olhos e pronto para a guerra.

Tanto militares quanto os mais raivosos bolsonaristas dos corredores de Brasília sabem que não há condições políticas para um golpe. A intenção já não é essa, mas manter o país inflamado. Uma fonte confirmou que um discurso duro de Bolsonaro pode dar nova injeção de ânimo aos manifestantes que continuam marcando presença em frente aos quartéis, embora em menor número.

Além de atrapalhar a festa na posse de Lula , com radicais protestando. O discurso radical de Bolsonaro teria outro objetivo, segundo aliados: evitar a prisão. Para eles, se o presidente voltar a colocar sangue nos olhos de Deus apoiadores,  Alexandre de Moraes e o STF (Supremo Tribunal Federal) não teriam condições de mandar prende-lo em janeiro, sob risco de colocar o país numa guerra civil.

Menos abatido a cada dia, Bolsonaro já cogita voltar ao cercadinho e considera até fazer suas lives semanais. Cada vez mais, ele parece disposto a radicalizar nos últimos dias do ano e pode sobrar até para o Papai Noel, é o que dizem pessoas próximas ao governo.

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