Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados
Paulo Sergio/Câmara dos Deputados
Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), vai para guera contra Jair Bolsonaro (PL). Depois do presidente da República ter bloqueado os repasses financeiros para o Orçamento Secreto na última quarta-feira (30), o parlamentar avisou a pessoas próximas que quem vai pagar o pato são deputados bolsonaristas.

A coluna ouviu de um aliado importante do presidente da Câmara que ele não vai deixar barato a retaliação de Bolsonaro. O Chefe do Executivo decidiu bloquear os repasses para a manutenção do Orçamento Secreto logo depois que Lira fechou o apoio do PT à reeleição para seguir no comando do Legislativo.

A decisão de Bolsonaro gera desgaste político ao ex-aliado porque não haverá como enviar recursos já prometidos e empenhados para a base de parlamentares. Isso significa que obras iniciadas pelo Brasil, após as emendas dos deputados terem sido garantidas, estão sob o risco de paralisar por falta de pagamento a fornecedores.

Nos corredores da Câmara e em troca de mensagens com pessoas próximas, Lira se diz tranquilo. Ele afirmou que Bolsonaro só consegue atrasar, mas não impedir o repasse, que é obrigatório por estar no Orçamento anual. Ele já entrou em contato com deputados para avisar do atraso e se comprometeu a manter o repasse.

A conversa com parlamentares bolsonaristas é diferente. Um assessor confirmou que Lira falou com pelo menos três, Carla Zambelli (PL) entre eles, para dizer que não receberão os recursos prometidos. O presidente da Câmara teria explicado aos colegas que a decisão de Bolsonaro prejudica o Congresso e que os parlamentares mais próximos do presidente terão que arcar com as consequências.

Na prática, Zambelli e outros nomes próximos ao bolsonarismo não terão como cumprir compromissos estabelecidos com suas bases e correm o risco de passar vergonha diante do eleitorado dessas cidades, normalmente no interior do país.

Lira, que garantiu base de sustentação ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em troca de apoio em sua reeleição, não gostou do comportamento de Bolsonaro. A pessoas de seu entorno, ele afirmou que pretende asfixiar os deputados bolsonaristas a partir de 2023, como retaliação ao que sofreu.

O dinheiro já ia mesmo mudar de mão com o governo Lula, mas assessores confirmam que a mudança será mais rápida que o previsto. "Lira quer mostrar ao presidente que segue poderoso, enquanto ele não tem mais a caneta", afirmou um parlamentar do PP. "Serão anos de vacas magras para eles", completou.

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