Os Estados Unidos criticaram duramente as recentes declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a guerra na Ucrânia, onde afirmou que os norte-americanos precisam parar de incentivar o conflito.
De acordo com John Kirby, coordenador de comunicação estratégica do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, a meneira como o petista abordou a questão foi profundamente problemática . A declaração foi feita nesta segunda-feira em uma conversa com jornalistas.
"É profundamente problemático como o Brasil abordou essa questão de forma substancial e retórica, sugerindo que os Estados Unidos e a Europa de alguma forma não estão interessados na paz ou que compartilhamos a responsabilidade pela guerra", ressaltou.
Na sequência, ele afirma que, neste caso, o Brasil está espalhando uma propaganda russa sem se atentar aos fatos que cercam a guerra, que já dura mais de um ano.
Quando questionado sobre a visita do chanceler russo Sergey Lavrov ao território brasileiro, onde ele cumpre agenda oficial em reunições com Lula e Mauro Vieira , ministro das Relações Exteriores, Kirby disse esperar que haja pressão para que Moscou pare de bombardear a Ucrânia.
Declaração de Lula
A polêmica fala do chefe do Executivo brasileiro foi feita no final da sua visita a Pequim, onde se reuniu com o presidenre chinês Xi Jinping.
"Eu acho que a China tem um papel muito importante, possivelmente seja o papel mais importante (em relação a guerra entre Rússia e Ucrânia). Agora, outro país importante são os Estados Unidos. Ou seja, é preciso que os EUA parem de incentivar a guerra e comecem a falar em paz, para a gente convencer o Putin e o Zelensky de que a paz interessa a todo mundo. A guerra só está interessando, por enquanto, aos dois", apontou.
Ainda em entrevista, Lula apontou que conversou com o líder chinês sobre a proposta brasileira de criar um "clube da paz" e também fez um alerta para a União Europeia.
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"Ontem discutimos com o Xi Jinping. É preciso que se constitua um grupo de países dispostos a encontrar um jeito de fazer a paz. Eu conversei isso com os europeus, conversei isso com os americanos e conversei isso ontem. Quem é que não está na guerra que pode ajudar a acabar com essa guerra? Somente quem não está defendendo a guerra. É preciso a União Europeia ter boa vontade, para a gente voltar a ter paz no mundo", alegou.
Por fim, ao ser questionado se espera uma reação negativa americana à reativação da parceria com Pequim, Lula foi enfático e garantiu que "não há nenhuma razão para isso".
"Quando eu vou conversar com os EUA, não fico preocupado com o que a China vai pensar da minha conversa. Estou conversando sobre os interesses soberanos do meu país. Quando venho conversar com a China, também não estou preocupado com o que os EUA estão pensando. Estou conversando sobre os interesses soberanos do Brasil", concluiu.
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