Policiais periciando o corpo de Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos
Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Policiais periciando o corpo de Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos

A Polícia Federal (PF) não trata  Francisco Wanderley Luiz , homem que morreu durante um ataque a bomba em Brasília  nesta quarta-feira (13), como um "lobo solitário". Segundo o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, a corporação investiga se o homem teve ajuda no atentado.

"Eu tenho ressalvas com essa expressão ' lobo solitário ', porque, ainda que a ação visível seja individual, por trás dessa ação nunca há só uma pessoa, há sempre um grupo, ou ideia de um grupo, com extremismos e radicalismos que levam ao cometimento dos crimes. A ação, de fato, foi individual, mas a investigação dirá se há outras conexões, redes, o que está por trás e impulsionou essa ação", disse Rodrigues em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (14).

O chefe da PF ainda ressaltou a "gravidade" da situação. Segundo ele, o atentado de ontem "aponta que esses grupos extremistas estão ativos e precisam que nós atuemos de maneira enérgica".

"Entendemos que o episódio de ontem não é um fato isolado, mas conectado com várias outras ações", disse ele.

A investigação da PF sobre o caso ainda está em curso, mas Rodrigues afirma que já é possível afirmar que  Francisco planejou o ataque em médio ou longo prazo.

"Há indícios de um planejamento de longo prazo, essa pessoa já esteve em outras oportunidades em Brasília. Inclusive, segundo relatos de familiares, ele estava aqui em Brasília no começo do ano de 2023", disse ele. A PF ainda averigua se ele "agiu isoladamente ou agiu com demais, se houve apoio financeiro e logístico".

Relatório da Abin

Ainda na noite de ontem, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) apresentou um relatório preliminar ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à equipe responsável pela investigação sobre o atentado.

Segundo o documento, as informações até o momento indicavam que Francisco atuou sozinho no ataque, sem o apoio de outros indivíduos. As informações são da jornalista Basília Rodrigues, da CNN.

Apesar do conteúdo estratégico, a Abin não divulgou o relatório publicamente. A apuração, contudo, continua aberta a novas possibilidades. Em encontro na mesma noite, o diretor da Polícia Federal , Andrei Rodrigues , e o ministro do STF , Alexandre de Moraes , discutiram os primeiros passos da investigação, que visa esclarecer possíveis conexões do homem com atos golpistas.

Investigações

Em poucas horas após o incidente, equipes da PF realizaram buscas no imóvel usado por Wanderley Luiz em Ceilândia , região administrativa do Distrito Federal , e também no trailer que ele mantinha.

O ministro Alexandre de Moraes, que já conduziu ações relacionadas aos ataques de 8 de janeiro, está à frente dessa investigação, uma vez que Wanderley Luiz usava suas redes sociais para comentar o evento com teor de retaliação contra as condenações dos envolvidos. 

Outro dado do relatório da Abin aponta que Wanderley Luiz esteve na Câmara dos Deputados oito vezes e, no dia 24 de agosto, durante um fim de semana, entrou legalmente no STF como parte de um grupo de visitação pública. Em uma das postagens nas redes sociais, ele compartilhou uma foto do local e comentou que "a raposa" teria "entrado no galinheiro".

Para a CNN, autoridades afirmaram que Wanderley Luiz planejava uma nova invasão ao STF, dessa vez portando explosivos. O suspeito teria se aproximado da estátua da Justiça, importante símbolo do Judiciário, fazendo ameaças. 

No momento em que seguranças do STF solicitaram que ele se afastasse, Wanderley Luiz informou que estava armado com bombas. Em resposta ao incidente, o Supremo retomou o esquema de segurança com grades ao redor do edifício, medida implementada após os ataques de 8 de janeiro e agora reforçada para proteger o prédio e os servidores do tribunal.

Quem era Francisco

Francisco Wanderley era de Santa Catarina, filiado ao Partido Liberal (PL) e já foi candidato a vereador no município de Rio do Sul pela legenda. O homem era conhecido pelo apelido de "Tiü França" e teria alertado, em redes sociais, que faria um ataque em Brasília, segundo informações recebidas pela CNN Brasil.

Ele também era o dono do carro que explodiu em anexo da Câmara dos Deputados segundo as forças de segurança pública do governo do Distrito Federal.

O ataque

Duas explosões fortes atingiram a área externa da Praça dos Três Poderes, em Brasília, nesta quarta-feira (13). Uma pessoa morreu.

Segundo informações da CNN, uma das explosões seria de um carro que estava próximo ao anexo IV na Câmara dos Deputados, enquanto a outra foi próxima ao Supremo Tribunal Federal (STF).

A primeira explosão ocorreu por volta de 19h30 de quarta-feira, no porta-malas do carro de Francisco, que estava estacionado no Anexo IV da Câmara dos Deputados.

Em seguida, o agressor lançou artefatos contra a estátua da Justiça, em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF). Depois, segundo o relato de testemunhas, deitou-se no chão e acionou uma bomba na nuca.

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