O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) explique em até 48h por que dormiu duas noites na embaixada da Hungria, em Brasília. O magistrado do STF é o relator da ação que investiga Bolsonaro, militares e políticas por tentativa de golpe de Estado.
Nesta segunda-feira (25), o jornal The New York Times detalhou que a permanência de Bolsonaro na Embaixada da Hungria por dois dias ocorreu após a operação da Polícia Federal que apreendeu seu passaporte em 8 de fevereiro.
A investigação em curso busca determinar se Bolsonaro organizou efetivamente uma tentativa de fuga para a Hungria. Há suspeitas de que o ex-presidente planejou se exilar no país europeu, aproveitando sua estreita relação com o presidente húngaro, Viktor Orbán, líder de extrema-direita.
A embaixada da Hungria, situada fora do alcance da segurança nacional brasileira, poderia oferecer um local seguro para Bolsonaro em caso de uma possível prisão determinada pela justiça brasileira.
A defesa de Bolsonaro confirmou sua estadia de dois dias na embaixada, explicando que ele estava lá para "manter contatos com autoridades do país amigo, inclusive o primeiro-ministro".
Já o ex-presidente, ao participar de um evento em São Paulo, conversou com jornalistas e falou sobre o caso. “Por ventura, dormir na embaixada, conversar com embaixador, tem algum crime nisso?", indagou.
Governo conversou com embaixador da Hungria
O embaixador da Hungria no Brasil, Miklós Halmai, foi chamado pelo Ministério das Relações Exteriores para uma conversa.
O diálogo entre Halmai e a titular da Secretaria de Europa e América do Norte, Maria Luisa Escorel, foi marcado por questões protocolares e pela necessidade de esclarecimentos sobre o incidente envolvendo Bolsonaro e a embaixada.
Em situações desse tipo, é comum que os representantes diplomáticos sejam chamados para fornecer informações e esclarecimentos necessários para a compreensão do contexto.
O chamado do embaixador da Hungria não implicou em um conflito diplomático entre os dois países. O Brasil solicitou apenas informações sobre a estadia de Bolsonaro na embaixada húngara, e o fato de o chamado não ter partido diretamente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, indica que a abordagem foi mais no sentido de esclarecimento do que de contestação.