O general Carlos Alberto Santos Cruz disse que a direita precisa "se livrar" do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e dos "extremistas que se dizem bolsonaristas", nesta quinta-feira (12). A declaração foi dada enquanto o ex-ministro da Secretaria de Governo comentava a invasão e depredação dos prédios dos Três Poderes em Brasília, no último domingo (8) .
Na ocasião, ele disse que não considera Bolsonaro "de direita". "Eu acho que é um estilo populista, simplesmente populista. Dizer que é de direita foi um grande prejuízo para a direita. A direita, para se recompor no Brasil, tem que se livrar do Bolsonaro e dos extremistas que se dizem bolsonaristas", afirmou Santos Cruz , em entrevista à BandNews TV .
O general apoiou a campanha do ex-mandatário nas eleições de 2018 e, em 2019, ele ocupou a Secretaria de Governo entre os meses de janeiro a junho, quando foi exonerado . À época, a decisão foi atribuída a uma "falta de alinhamento político-ideológico" e embates com outros integrantes do próprio governo Bolsonaro.
Na fala de hoje, Santos Cruz afirmou que "problemas comportamentais" de Bolsonaro prejudicaram a imagem da direita no Brasil.
"Eu estou falando das atitudes extremistas e do problema comportamental do ex-presidente. Prejudicou a direita. Ele é responsável por ter prejudicado muito a imagem da direita no Brasil", disse Santos Cruz, condenando os ataques do último domingo.
O general afirmou que, neste momento, nenhuma decisão deve ser tomada de maneira precipitada, mas que as pessoas responsáveis pelos atos de vandalismo devem receber uma punição.
"Quem fez alguma coisa tem que ser punido, sem dúvida nenhuma, não tem como, você não pode tolerar esse tipo de coisa."
Santos Cruz também disse que houve desonestidade por parte de Bolsonaro ao não conversar com seus apoiadores para que assumissem a derrota do ex-presidente nas eleições e fossem para casa.
"Aquele que quer exercer a liderança tem que ser honesto com aquele público. E não houve honestidade de dizer para o público: 'Olha, a expectativa de vocês não vai se realizar, vamos para casa, vamos se organizar, e vamos ganhar a próxima'. É isso que tinha que ser dito. E não uma omissão e as fake news tacando fogo no circo e as autoridades esperando para ver se vai pegar fogo ou não vai. Isso não pode, é desonestidade com aquelas pessoas."
Depois de ter deixado o governo Bolsonaro, Santos Cruz fez diversas críticas ao ex-mandatário. Em dezembro de 2021, ele chegou a dizer que o então presidente era "sem-vergonha" e "traidor"
. À época, afirmou que tanto Bolsonaro quanto o atual chefe do Executivo, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), "atuaram na destruição da democracia".
"O grande traidor desse país se chama Jair Messias Bolsonaro. Ele destruiu quase todas as instituições por onde teve alguma atuação mais intensa. Ministério das Relações Exteriores, Ministério da Saúde... Toda instituição onde ele colocou a mão", disse ele.
Atos terroristas no DF
Na tarde desse domingo (8), após vândalos bolsonaristas invadirem e vandalizarem os prédios do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal (STF) , em Brasília , os edifícios públicos da capital ficaram completamente depredados. Na ocasião, instalações foram quebradas, câmeras de segurança arrancadas e destruídas e a fiação foi exposta.
Os invasores destruíram, inclusive, parte importante do acervo artístico e arquitetônico ali reunido e que "representa um capítulo importante da história nacional" , conforme nota emitida pelo Palácio do Planalto.
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