O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que não vai admitir ser banido das redes sociais durante a campanha eleitoral deste ano, alegando que a medida seria "jogar fora das quatro linhas" da Constituição.
"Me banir das redes sociais é jogar fora das quatro linhas [da Constituição]. O jogo tem que ser realizado dentro das quatro linhas. Eu só posso dizer isso. A gente não pode admitir um jogo baixo dessa natureza. Aí não é uma disputa dentro do critério democrático, é uma imposição. A gente não pode admitir isso daí. O bom senso se fará presente", disse o mandatário.
"Qual é a acusação contra mim? Que fake news tenho praticado nas minhas mídias? Não existe. Quando acontece equívoco, a gente se retrata", acrescentou, em entrevista à Jovem Pan .
Após o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump ter as contas banidas temporariamente nas redes sociais no início do ano passado , a ação gerou debates em todo o mundo.
Trump foi expulso das plataformas por ter ferido os termos de uso. Em meio a um clima de tensão no país, principalmente após o ataque ao Capitólio dos EUA , as empresas entenderam que o discurso do então presidente poderia fomentar ainda mais atos violentos.
No Brasil, Bolsonaro já teve alguns vídeos removidos pelo YouTube por transmitir fake news sobre a Covid-19 durante as lives que o presidente realiza semanalmente. As últimas remoções aconteceram dias após o YouTube atualizar a política de uso, acrescentando que vídeos que recomendem o uso de hidroxicloroquina ou ivermectina para o tratamento ou prevenção do coronavírus seriam tirados do ar. Os medicamentos são comprovados cientificamente como ineficazes no combate à doença .
Além da plataforma de vídeos, o Facebook, Instagram e Twitter também já removeram gravações do chefe do Executivo em que ele aparecia aglomerando e se posicionando contra o isolamento social, medida defendida por autoridades de saúde ao redor do mundo como eficaz para conter a transmissão da doença.
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Na última quinta-feira (6), o presidente fez uma afirmação falsa ao dizer que o número de mortes de crianças causadas pela Covid é "quase zero", visto que cerca de 300 crianças já vieram a óbito por conta da doença . Bolsonaro ainda atacou a vacinação infantil na faixa etária de crianças entre 5 e 11 anos , aprovada em 16 de dezembro pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Ausência em debates
Além disso, enquanto ainda concorria à Presidência da República em 2018, Bolsonaro não participou de quase nenhum dos tradicionais debates televisivos entre os candidatos ao cargo , até mesmo os de segundo turno. O então candidato, porém, emitia as opiniões durante entrevistas, quando não tinha um adversário para réplica.
Neste ano, aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que trabalham na pré-campanha dele no Palácio do Planalto já trabalham com a possibilidade de Bolsonaro não participar dos debates eleitorais durante as campanhas, devido ao histórico do mandatário, segundo apuração do jornalista Igor Gadelha .