Em depoimento à Polícia Federal nesta segunda-feira, o deputado bolsonarista Otoni de Paula (PSC-RJ) afirmou que não tem relação com alvos suspeitos de organizar um ato violento e antidemocrático no próximo dia 7 de setembro e disse que não apoia ataques às instituições democráticas.
Otoni foi ouvido nesta segunda-feira pela PF dentro do inquérito aberto a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para apurar a organização desses atos. Ele é um dos alvos da investigação por ter divulgado manifestações a favor dos atos bolsonaristas marcados para o dia 7 de setembro. Aos investigadores, o deputado negou ter relação com incentivadores dos atos, como o cantor Sérgio Reis e o caminhonheiro Zé Trovão, alvos do inquérito.
Questionado sobre declarações suas nas quais defendia "forçar o Senado" a abrir processos de impeachment contra ministros do Supremo Tribunal Federal e ameaçava "parar o país por tempo indeterminado", Otoni afirmou à PF que suas falas "estão sob a proteção da Constituição".
"Não apoia ou financia qualquer movimento que atente contra a democracia ou os Poderes constituídos", afirmou no depoimento.
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O deputado disse ainda à PF que forneceu a senha de acesso ao seu celular ao ser alvo de busca e apreensão no último dia 20. "Não tem conversa, escrito ou áudio que promova ou incite a violência contra quem quer que seja, e mesmo contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal", afirmou.
Em nota, a defesa do parlamentar afirmou que ele tem imunidade prevista em lei para suas declarações públicas. "O que parece é que há uma seletividade contra aqueles que, de alguma forma, apoiam o presidente Bolsonaro. Mas, neste caso, o que está em jogo não é o apoio ao presidente, mas a liberdade de expressão. Nunca se puniu nesse país opinião de um parlamentar, que tem garantido pela lei o direito de manifestar quaisquer falas e opiniões", disse o advogado Marcelo Brunner, que defende o deputado Otoni de Paula.