Aécio não mostrou disposição em se licenciar do PSDB
Lula Marques/Agência PT - 30.8.16
Aécio não mostrou disposição em se licenciar do PSDB

O pedido de expulsão do deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), feito por tucanos de São Paulo à Executiva Nacional do PSDB, terá de esperar a instalação do conselho de ética da sigla para ser analisado. Não há previsão para o colegiado entrar em funcionamento. Enquanto isso, aliados de Aécio em Minas Gerais ameaçaram nesta terça-feira (9) revidar com denúncias contra tucanos paulistas.

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Os integrantes do conselho de ética foram eleitos em maio passado na convenção nacional do PSDB , mas, por questões burocráticas, o colegiado não foi instalado até agora. O presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, procurou o ex-vice-governador do Espírito Santo Cesar Colnago para acertar a posse dele na presidência do conselho.

"O código de ética vale para todos os filiados e tudo será analisado à luz do estatuto", afirmou Colnago na terça-feira ao jornal O Globo .

O pedido de expulsão contra Aécio Neves foi iniciativa do diretório do partido na capital paulista, que, por unanimidade, aprovou a representação na quinta-feira passada. Os dirigentes paulistanos defenderam a expulsão como medida para "estancar a sangria" do partido.

"É uma sangria que não estanca. Nos embates políticos aqui na cidade somos sempre confrontados com a questão do Aécio. Precisamos dar resposta", afirmou o presidente do partido na cidade de São Paulo, Fernando Alfredo.

Um dirigente nacional não descartou que outras representações pedindo a expulsão do mineiro cheguem à direção nacional. A troca de comando do PSDB em maio e a promessa de que o partido terá posições firmes pioraram a situação de Aécio na legenda. Apesar das relações pessoais que mantém no partido, o deputado tem sido apontado como um "incômodo".

Na semana passada, a situação jurídica de Aécio voltou a ser assunto nos jornais com a Justiça Federal de São Paulo ratificando o recebimento da denúncia no caso em que ele é réu por corrupção passiva e tentativa de obstrução judicial da Operação Lava Jato. A acusação foi feita após Aécio ser flagrado numa gravação telefônica pedindo R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, do Grupo J&F.

Nesta terça-feira, o diretório do PSDB em Belo Horizonte reagiu ao pedido de expulsão com uma ameaça de levar ao conselho de ética o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, e outros tucanos. “Atos e punições contra membros do partido de outro estado, cuja atuação desconhecem, soam extremamente antiéticas, uma vez que há membros do partido em São Paulo envolvidos em denúncias extremamente graves, especialmente o prefeito Bruno Covas, réu por improbidade administrativa, assim como vários dos seus auxiliares”, informou em nota.


Sem intenção de sair

Aécio não demonstra disposição em se licenciar. A preocupação mais imediata entre tucanos paulistas é com o potencial de estrago do efeito Aécio na próxima eleição municipal.

O presidente do PSDB paulistano negou que o pedido de expulsão tenha tido aval do governador de São Paulo, João Doria. Candidato natural à Presidência em 2022, o paulista defende o afastamento de Aécio.

O presidente estadual do PSDB de Minas Gerais, Paulo Abi-Ackel, minimizou o pedido de expulsão. "Esse pedido é localizado e de menor importância. É uma pauta negativa que se estenderá a outros nomes, inclusive de São Paulo, se for levada adiante", disse.

Bruno Araújo disse que, assim que for instalado o colegiado, a representação do diretório paulistano será encaminhada. "Toda e qualquer representação contra filiados será encaminhada diretamente ao conselho de ética, que é o órgão competente do partido para analisar essas questões e tem regramento próprio para fazê-lo".

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Procurado, Aécio não quis comentar a representação de que é alvo. Em nota, informou que “não existe nova denúncia contra ele” e que o Supremo Tribunal Federal “apenas transferiu denúncia para a Justiça Federal de São Paulo”. Aécio reafirmou ser inocente.

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