Fernando Haddad visitou o ex-presidente Lula pela primeira vez após as eleições 2018 nesta segunda-feira (7)
Reprodução/Youtube/PT
Fernando Haddad visitou o ex-presidente Lula pela primeira vez após as eleições 2018 nesta segunda-feira (7)

O candidato derrotado do PT à Presidência, Fernando Haddad, vistou Lula na sede da Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba onde o ex-presidentete está preso nesta quarta-feira (7). Esta foi a primeira vez que os dois se encontraram desde que Haddad, sucessor de Lula como cabeça de chapa do PT nas eleições 2018, foi derrotado pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) na votação de segundo turno em 27 de outubro.

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Haddad , que também é advogado de Lula, chegou ao local por volta das 8h45 e foi liberado para fazer a visita a partir das 9h que é o horário mínimo permitido para que advogados possam visitar seus clientes. Os dois ficaram reunidos por cerca de três horas e Haddad deixou o local às 12h10 sem conversar com a imprensa que o aguardava na saída. O ex-prefeito de São Paulo entrou em um táxi e deixou o local e seguiu em direção ao Aeroporto Internacional Afonso Pena, de onde retornou para a capital paulista.

O procedimento, portanto, foi diferente dos encontros semanais entre Haddad e Lula durante a campanha e as convenções partidárias em que o ex-candidato do PT à Presidência falava com os jornalistas ao deixar o local e, em geral, repassava mensagens do ex-presidente preso. No segundo turno , no entanto, a estratégia de campanha de Haddad mudou e ele tentou se desvincular da imagem do ex-presidente deixando também de visitar Lula em Curitiba até retornar hoje.

Futuro de Lula

Ex-presidente Lula está preso em Curitiba e aguarda recurso no STF para saber se ficará livre ainda esse ano. Ele, porém, prestará depoimento sobre outro caso ainda esse mês
Ricardo Stuckert/Instituto Lula
Ex-presidente Lula está preso em Curitiba e aguarda recurso no STF para saber se ficará livre ainda esse ano. Ele, porém, prestará depoimento sobre outro caso ainda esse mês

Além de acontecer dez dias após o resultado final das eleições 2018, o encontro entre os dois ocorreu há uma semana do novo depoimento de Lula à Justiça marcado para o dia 14 de novembro. Na ocasião, porém, Lula não falará sobre o caso pelo qual já está condenando a 12 anos e 1 mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O depoimento agora será como reú na ação penal sobre o sítio de Atibaia (SP) no qual Lula é acusado novamente pelos mesmos crimes.

As oitivas desse caso estavam marcadas para agosto e setembro e o próprio depoimento de Lula em si ocorreria no dia 11 de setembro, mas o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, adiou o encontro com o ex-presidente para a nova data "a fim de evitar a exploração eleitoral dos interrogatórios", conforme afirmou na decisão à época.

Moro e Lula, no entanto, não ficarão a frente novamente já que o  juiz aceitou o convite do presidente eleito Jair Bolsonaro para ser o ministro da Justiça e da Segurança Pública no futuro governo e decidiu se afastar imediatamente dos casos da Operação Lava Jato para "evitar controvérsias". Ele será substituído provisoriamente pela juíza Gabriela Hardt. Moro está oficialmente de férias, mas depois pedirá exoneração do cargo para assumir o novo cargo.

A defesa de Lula afirma que ele nunca recebeu ou solicitou qualquer benefício, favorecimento ou vantagem indevida de qualquer empresa e pediu novamente um habeas corpus ao Supremo Tribunal Federal (STF) alegando que houve "irremediável perda de imparcialidade" de Moro  devido ao próprio fato do magistrado ter aceitado o convite para o ministério do governo de Jair Bolsonaro (PSL) que se elegeu fazendo um discurso polarizado contra Lula.

O relator da Operação Lava Jato no STF, ministro Edson Fachin, decidiu ainda nesta terça-feira (6) que o caso será julgado pela Segunda Turma do Supremo , deu prazo de cinco dias para que diveros órgãos como o Superior Tribunal de Justiça (STJ), o Tribunal Regional Federal (TRF) e o Juízo da 13ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Curitiba, a vara de Sérgio Moro, prestassem os devidos esclarecimentos sobre o caso e também para que a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestasse.

A partir de então, o pedido da defesa de Lula poderá entrar na pauta da Segunda Turma, mas caberá ao ministro Ricardo Lewandowski, presidente da Segunda Turma, marcar uma data para o julgamento do colegiado entre ele e os ministros Celso de Mello, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes e o próprio Edson Fachin que novamente deliberarão sobre a prisão ou liberdade do ex-presidente condenado e preso.

Nesta quarta-feira (7), porém, o próprio  Fachin declarou durante sessão plenária que "é possível, se os prazos forem cumpridos" que o novo pedido de habeas corpus de Lula seja julgado ainda este ano.

Já o juiz federal e futuro ministro de Bolsonaro  refutou a hipótese de perseguição política à Lula  durante longo pronunciamento e entrevista coletiva concedida também nesta terça-feira (7) ressaltando que apesar da decisão em 1ª instância ter sido tomada por ele, o órgão colegiado de 2ª instância confirmou sua decisão e ordenou o cumprimento imediato da pena vários meses antes das eleições. Sérgio Moro também ressaltou que a Operação Lava Jato atingiu políticos de vários partidos, não só do PT, e afastou a ideia de que sua ida para o ministério tenha sido uma "recompensa".

"É um pouco estranho dizer isso, mas não existe a menor chance de usar o ministério para perseguição política", disse Moro para em outro momento continuar "o que existe é um crime que foi descoberto, investigado e provado e as cortes apenas cumpriram a lei. Não posso pautar minha vida num álibi falso de perseguição política".

Futuro de Haddad

Ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, saiu da eleição fortalecido e tenta se posicionar como líder da oposição ao governo Bolsonaro, mas terá dificuldades dentro do PT
Ricardo Stuckert
Ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, saiu da eleição fortalecido e tenta se posicionar como líder da oposição ao governo Bolsonaro, mas terá dificuldades dentro do PT

Enquanto isso, Fernando Haddad tenta se viabilizar como principal líder da oposição ao governo Bolsonaro na esteira da popularidade e da maior notoriedade que ganhou durante a campanha presidencial em que apesar de derrotado obteve mais de 47 milhões de voto.

Para tentar fazer isso acontecer, no entanto, Haddad pretende conquistar a presidência do PT atualmente ocupada pela senadora Gleisi Hoffmann que, apesar de ter sair do Senado Federal, continuará tendo cargo eletivo já que se elegeu deputada federal pelo Paraná.

Na última segunda-feira (5), o ex-prefeito passou horas reunidos com a própria Gleisi na sede do partido em São Paulo para saber como Haddad cumpriria o "papel maior" que a executiva nacional do PT decidiu que Haddad deveria desempenhar no próximo ciclo eleitoral.

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Haddad , porém, terá muitas dificuldades para conseguir unificar todas as alas do partido, algumas das quais não gostam do paulistano, e terá que possivelmente enfrentar outros nomes tradicionais do partido como o do senador Lindbergh Farias e da ex-presidente Dilma Rousseff que também foram derrotados nas urnas em 2018 e ficarão sem cargo a partir de 2019.

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