João Doria (PSDB) foi o governador eleito com a menor margem percentual de diferença justamente no estado com o maior número de eleitores e habitantes: São Paulo
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João Doria (PSDB) foi o governador eleito com a menor margem percentual de diferença justamente no estado com o maior número de eleitores e habitantes: São Paulo

As eleições 2018 terminaram oficialmente. Às 15h27 desta segunda-feira (29), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou que 100% das votos foram apurados após a chegada das últimas cinco urnas eletrônicas que faltavam chegar vindas de localidades remotas no estado do Amazonas. Com isso, além dos números finais da eleição presidencial , já é possível ver como ficou o novo mapa do Brasil de acordo com todos os governadores eleitos e seus respectivos partidos.

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Neste segundo turno, além da eleição do novo futuro presidente Jair Bolsonaro (PSL), 13 estados e o Distrito Federal decidiram quem são os governadores eleitos e se juntaram às outras 13 unidades da federação que já haviam decidido o pleito no primeiro turno realizado em 7 de outubro.

Dessa forma, os números finais demonstram que, a exemplo do que aconteceu com o futuro novo Congresso Nacional, a fragmentação partidária tomou conta também dos poderes executivos estaduais já que nunca antes na história do Brasil tantos partidos conseguiram eleger governadores.

No total, 13 partidos conseguiram eleger pelo menos um representante, um recorde absoluto, mas além disso, um exemplo mais claro da fragmentação partidária é o número de estados que o partido com o maior número de governadores eleitos conseguiu obter.

Isso porque, se nas eleições de 1989, a primeira no modelo atual pluripartidário, simultânea ao pleito presidencial e já com a nova e atual Constituição, o MDB (na época, PMDB) conseguiu eleger oito governadores, dessa vez o PT se tornou o partido com mais estados sob seu governo com "apenas" quatro governadores eleitos.

O resultado demonstra que o Partido dos Trabalhadores que havia vencido as últimas quatro eleições presidenciais, apesar de derrotado no pleito majoritário pela primeira vez desde 2002, segue tendo força.

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Através do candidato derrotado no segundo turno, Fernando Haddad, o partido obteve mais de 47 milhões de votos e elegeu os chefes dos respectivos executivos estaduais na Bahia, no Piauí, no Ceará, estes ainda no primeiro turno, e no Rio Grande do Norte, já no segundo turno. É do PT, inclusive, a única mulher eleita governadora no Brasil : justamente a potiguar Fátima Bezerra.

Fátima Bezerra (PT), a única governadora mulher eleita no Brasil, pelo Rio Grande do Norte
Marcelo Camargo/Agência Brasil
Fátima Bezerra (PT), a única governadora mulher eleita no Brasil, pelo Rio Grande do Norte

Além disso, o PT ainda conseguiu contar com o apoio de todos os governadores eleitos no Nordeste, única região do País onde o petista Fernando Haddad conseguiu superar o presidente eleito Jair Bolsonaro em número de votos.

Ainda assim o PT terá que superar um desafio. Após perder estados importantes como Minas Gerais, o partido vai ter que, ao mesmo tempo que faz do Nordeste seu grande reduto eleitoral, expandir para outras regiões para que volte a ter chances de conquistar cargos em nível federal já que, além dos governadores, outras lideranças do partido também perderam as eleições como os candidatos ao senado por São Paulo, Eduardo Suplicy, por Minas Gerais, Dilma Rousseff, e pelo Rio de Janeiro, Lindbergh Farias.

A folga do PT na liderança do quadro político no que diz respeito aos governadores eleitos, porém, é pequena já que outros quatro partidos conseguiram eleger três governadores e ficaram na cola do partido de Fernando Haddad, sendo eles: PSB, MDB, PSDB e o fenômeno PSL.

Antonio Denarium, do PSL, mesmo partido de Bolsonaro, conseguiu retomar o comando do estado para o partido em Roraima, algo que não acontecia desde 2002
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Antonio Denarium, do PSL, mesmo partido de Bolsonaro, conseguiu retomar o comando do estado para o partido em Roraima, algo que não acontecia desde 2002

Liderados pela popularidade do presidente eleito Bolsonaro durante a campanha, o PSL que até hoje só tinha conseguido eleger um governador em toda sua história, nas eleições de 2002, Flamarion Portela, em Roraima, conseguiu, só na noite de ontem (28), eleger três. Um deles no Sul, em Santa Catarina, Comandante Moisés; e os dois outros no Norte: em Rondônia, Coronel Marcos Rocha; e em Roraima, Antonio Denarium.

O crescimento excepcional do próprio partido que também conseguiu montar a segunda maior bancada da Câmara dos Deputados, no entanto, ainda não é suficiente para dar a dimensão do fenômeno Bolsonaro que também  elegeu governadores que declaram apoio a ele  em outros 11 estados, incluindo quatro dos cinco mais populosos: (1º) São Paulo, (2º) Minas Gerais, (3º) Rio de Janeiro e (5º) Rio Grande do Sul.

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Essa também é a explicação para que outro partido que ganhou as eleições estaduais em três estados (todos eles no segundo turno) ficasse na liderança do número de habitantes sob seus governos: o PSDB.

Os tucanos João Doria, Eduardo Leite e Reinaldo Azambuja venceram nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul respectivamente e farão com que o PSDB governe 59,6 milhões de brasileiros distribuídos entre paulistas, gaúchos e sul-mato-grossenses.

Neste ranking, o PT aparece na segunda posição com 30,6 milhões de habitantes baianos, ceareneses, piauienses e potiguares e o PSC em terceiro somando a população do Rio de Janeiro e do Amazonas onde o partido ganhou.

Mas se o PT se tornou o partido com mais estados, o PSDB o partido com mais habitantes e o PSL o que apresentou maior crescimento, não há dúvidas sobre o maior derrotado nas eleições 2018 para governador em todo País: o MDB.

O partido do atual presidente Michel Temer e que, como citado, chegou a ter oito governadores eleitos nas eleições de 1989 e nove nas eleições de 1994, obteve a vitória em sete estados em 2014, mas foi reduzido a apenas três unidades da federação em 2018.

Helder Barbalho, do MDB, foi eleito governador do Pará, retomou o poder do estado para sua família tradicional e ajudou a minimizar a derrota do MDB no País
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Helder Barbalho, do MDB, foi eleito governador do Pará, retomou o poder do estado para sua família tradicional e ajudou a minimizar a derrota do MDB no País

No Distrito Federal, o partido contou com a candidatura inédita de Ibaneis Rochas, mas nos outros dois estados, o MDB conseguiu a reeleição de nomes de famílias tradicionais, sendo eles: Renan Filho, em Alagoas; e Helder Barbalho, no Pará.

Tudo indica que o MDB foi a grande vítima de um outro fenômeno que varreu o Brasil: a renovação política; sintetizada pela menor taxa de reeleição de governadores da história. Em 2018, 20 governadores concorreram a um novo mandato de quatro anos, mas só 10 conseguiram (50%). Em comparação, em 2006, ocasião na qual 20 candidatos também tentaram reeleição 14 conseguiram.

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O novo mapa do Brasil, no entanto, também evidencia que o Nordeste foi justamente a região mais resistente à renovação. Isso porque dos 10 estados que reelegeram seus governadores, sete ficam na região. Um grande impulso para que o PT conseguisse manter três governadores eleito s dos seus cinco estados.

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