Fumaça é vista em vilarejo libanês após bombardeio israelense
Kawnat Haju/AFP
Fumaça é vista em vilarejo libanês após bombardeio israelense

As recentes escaladas no confronto entre Israel e o grupo extremista Hezbollah , do Líbano , são um novo capítulo em um confronto histórico de pelo menos 40 anos. Desde o início da  guerra na Faixa de Gaza entre o exército israelense e o grupo Hamas, em outubro de 2023, o Hezbollah e Israel estão envolvidos em novas trocas agressivas, colocando toda a região em tensões de um possível conflito regional mais amplo.

Hezbollah é um movimento islâmico, apoiado pelo Irã, com uma das forças paramilitares mais poderosas do Oriente Médio. A principal base do grupo fica na fronteira entre Israel e o Líbano, onde as consequências da guerra em Gaza são palpáveis.

Ao longo das últimas décadas, o conflito entre Israel e o grupo libanês teve diversos momentos tensos, que dão origem ao que está acontecendo atualmente.

Invasão israelense

As forças israelenses tomaram quase metade do território do Líbano quando invadiram o país em 1982. Isso incluiu Beirute , capital do país, onde as forças israelenses, com apoio de milícias cristãs libanesas de direita, sitiaram a parte ocidental da capital para expulsar os militantes palestinos, que formavam a Organização para Libertação da Palestina (OLP) . Isso tudo ocorreu no meio da Guerra Civil Libanesa (1975 a 1990).

A operação de Israel resultou em mais de 17 mil mortes, de acordo com relatos contemporâneos e um inquérito israelense sobre um massacre no campo de refugiados de Sabra e Shatila, em Beirute. Isso faz do episódio um dos eventos mais sangrentos da história recente da região.

A investigação, chamada de  Comissão de Inquérito Kahan , responsabilizou Israel indiretamente pelo massacre realizado pelos combatentes libaneses cristãos de direita. As estimativas para o número de mortes em Sabra e Shatila variam entre 700 e 3 mil pessoas.

Essa invasão acabou resultando na criação do Hezbollah , quando um grupo de clérigos muçulmanos xiitas no Líbano decidiu pegar em armas contra os israelenses. 

Surgimento do Hezbollah

Enquanto multidões de combatentes palestinos deixavam o Líbano, o grupo recém-criado de guerrilheiros islâmicos xiitas, treinados pela República Islâmica do Irã, entrou em cena, com um impacto brusco e violento. 

Em 1983, dois homens-bomba ligados ao Irã atacaram um quartel da Marinha dos  Estados Unidos  na capital libanesa, matando quase 300 militares norte-americanos e franceses, além de alguns civis.

Um ano depois, os combatentes bombardearam a embaixada dos EUA em Beirute, matando 23 pessoas. Em 1985, o grupo se uniu formalmente em torno de uma organização recém-fundada: o Hezbollah.

Depois de três anos, Israel se retirou da área de Beirute em direção ao rio Litani, onde ocupa oficialmente uma área de cerca de 850 quilômetros quadrados entre o rio e a fronteira israelense.

Grupos aliados ao Irã

O Hezbollah faz parte de uma aliança maior de grupos apoiados pela força militar do Irã. Existem aliados no Iêmen, na Síria, em Gaza (Hamas) e no Iraque.

A aliança disse que continuará atacando alvos israelenses enquanto a guerra em Gaza continuar, renomeando-se como uma “frente de apoio” para os palestinos na região, conforme descrito por um líder do Hezbollah.

Combates históricos

Em julho de 1993, Israel lançou o que chamou de Operação Responsabilidade . No Líbano, ela é conhecida como a Guerra dos Sete Dias . O confronto começou após uma série de ataques de combatentes de Israel e do Hezbollah perto da fronteira, que mataram civis e soldados de ambos os lados.

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Em 1996, Israel iniciou o que chama de Operação Vinhas da Ira , em uma aparente tentativa de deslocar civis em direção a Beirute, para pressionar o governo libanês a desarmar o Hezbollah. Israel aconselhou os moradores dos vilarejos do sul do Líbano a saírem, antes de começar a bombardear a área. Em 17 dias, foram 600 ataques israelenses, com resposta do Hezbollah em disparos de foguetes.

Maior escalada do conflito

Em 2006, o Hezbollah capturou dois soldados israelenses em um ataque transfronteiriço, matando vários outros. O grupo exigia a libertação de prisioneiros palestinos em troca dos soldados reféns. Israel se recusou, e iniciou uma campanha militar de cinco semanas, que ficou conhecida no Líbano como a Guerra de Julho . O conflito deixou cerca de 1.200 libaneses e 158 israelenses mortos.

O confronto só terminou com uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que exigiu o desarmamento do Hezbollah e que o Exército israelense se retirasse da região.

Líder assassinado

Em 2024, após meses de trocas de retaliações em decorrência da guerra em Gaza , as tensões aumentaram quando Israel afirmou ter matado o comandante militar mais antigo do Hezbollah, Fu’ad Shukr , com um ataque a Beirute em julho.

Em retaliação, o Hezbollah lançou centenas de drones e mísseis contra alvos em Israel em agosto. Israel negou que alvos importantes tenham sido atingidos, e nenhuma evidência foi tornada pública para contradizer essa negação.

Refugiados

O aumento dos combates nas fronteiras no final de agosto de 2024 forçou as pessoas a deixarem suas casas, tanto no norte de Israel quanto no sul do Líbano. Ao longo de toda a história, milhares de libaneses e israelenses precisaram sair de seus lares por conta dos conflitos entre os lados.

No dia 17 setembro, Israel tornou um novo objetivo de guerra devolver dezenas de milhares de residentes do norte de Israel para suas casas perto da fronteira.

Autoridades e residentes da região norte têm colocado pressão crescente sobre o governo israelense a respeito da necessidade de retornar. Mais de 100 mil pessoas foram deslocadas do sul do Líbano, de acordo com o ministério da saúde libanês.

Novo ataque

O Hezbollah confirmou que seu comandante sênior Ibrahim Aqil foi morto no dia 20 de setembro deste ano, em um ataque aéreo a um prédio residencial em Beirute.

O exército israelense realizou novos ataques ao longo de setembro, explodindo pagers e walkie-talkies de membros do Hezbollah , e depois com mísseis de longo alcance. Ao todo, os ataques deixaram mais de 500 mortos no Líbano em menos de uma semana.


O Hezbollah respondeu com o  envio de mais de 100 mísseis em Tel Aviv, capital israelense, interceptados pela defesa do país. Israel respondeu com novos bombardeios na quarta-feira (25).

Desde o início dos conflitos em 2024, o exército israelense diz ter atingido dezenas de alvos do Hezbollah, incluindo armas e integrantes do grupo, como parte de uma retaliação a ataques anteriores. Um dos mortos confirmados é Ibrahim Muhammad Qabisi, comandante militar do Hezbollah.

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** Formado em jornalismo pela UFF, em quatro anos de experiência já escreveu sobre aplicativos, política, setor ferroviário, economia, educação, animais, esportes e saúde. Repórter de Último Segundo no iG.

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