Ataque a estação de trem ucraniana por tropas russas em agosto
Reprodução/Twitter - 24.08.2022
Ataque a estação de trem ucraniana por tropas russas em agosto

O chefe de um órgão de investigação da  Organização das Nações Unidas ( ONU ) disse, nesta sexta-feira (23), que crimes de guerra , incluindo estupro, tortura e confinamento de crianças, foram cometidos na Ucrânia nas áreas ocupadas por tropas russas.

Desde a invasão da Rússia ao território ucraniano, em 24 de fevereiro deste ano , a Ucrânia e os aliados ocidentais alegam uma série de abusos de direitos por soldados russos e crimes de guerra . Moscou, no entanto, nega as acusações.

"Com base nas evidências reunidas pela Comissão, conclui-se que crimes de guerra foram cometidos na Ucrânia ", disse Erik Møse ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, na Suíça.

Møse não citou nomes ou especificou um culpado pelos crimes apontados, mas a Comissão de Inquérito Independente sobre a Ucrânia focou em áreas que já foram ocupadas pelos russos, como Kiev, Chernihiv, Kharkiv e Sumy.

Investigadores da Comissão estiveram em 27 locais e entrevistaram mais de 150 vítimas e testemunhas do conflito. O órgão de apuração foi criado pelo Conselho de Direitos Humanos em março.

De acordo com Møse, nos lugares visitados os profissionais encontraram evidências de um grande número de execuções, incluindo corpos com as mãos amarradas, gargantas cortadas e tiros na cabeça.

Ele também afirmou que os investigadores identificaram vítimas de violência sexual, com idades que vão de quatro a 82 anos. Apesar de alguns soldados russos terem usado a violência sexual como estratégia, a comissão "não estabeleceu nenhum padrão geral para esse efeito", acrescentou Møse.

A Rússia também nega ter atacado civis no que chama de " operação militar especial ". De acordo com a agência de notícias Reuters , o país foi chamado para responder às acusações em um reunião do Conselho, mas nenhum representante compareceu e não houve outra reação de Moscou.

A Comissão ainda vai analisar as alegações de campos de "filtragem" em áreas ocupadas pelos russos para processar prisioneiros de guerra, assim como acusações de transferência forçada de pessoas e adoção de crianças ucranianas da Rússia .

"Se não forem respondidas, [as violações da Rússia] nos arrastarão para um mundo sombrio de impunidade e permissividade", disse o enviado da Ucrânia Anton Korynevych ao Conselho, durante videoconferência.

Investigações iniciadas pelo Conselho podem ser usadas por tribunais nacionais e internacionais. Møse disse que já esteve em contato com o Tribunal Penal Internacional sobre as conclusões da Comissão.

Um relatório completo deve ser apresentado pelo órgão em março de 2023, inclusive com recomendações sobre como punir os responsáveis. 

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