Em seu último pronunciamento como primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May parabenizou Boris Johnson e desejou sucesso ao novo governo. Logo em seguida, a premier se encaminhou ao Palácio de Buckingham, onde apresentou sua renúncia formal à rainha Elizabeth II, deixando o cargo que ocupava desde 13 de julho de 2016.
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Em um breve discurso após seu almoço de despedida no número 10 da Downing Street, May afirmou que o maior desafio de seu sucessor será o Brexit, "que deverá ser concluído de uma maneira que funcione para todo o Reino Unido" e que permita ao país seguir em direção a "um futuro brilhante".
A então primeira-ministra anunciou sua renúncia em 22 de maio, após fracassar pela terceira vez em aprovar um acordo para a saída organizada do país da União Europeia. A premier contudo, continuou no poder pelos dois meses seguintes, até que o Partido Conservador escolhesse seu novo líder. Na terça-feira, foi anunciado que Boris Johnson , um ardoroso defensor do Brexit a qualquer custo, derrotou o chanceler Jeremy Corbyn com mais de 66% dos votos, consolidando a trajetória britânica em direção a um divórcio do bloco europeu.
A primeira-ministra demissionária, cujo maior legado será os fracassos consecutivos para aprovar o divórcio ordenado do bloco europeu, afirmou que voltará a atuar como parlamentar. Segundo May, que aproveitou a oportunidade para agradecer o povo britânico, as Forças Armadas e seu marido, Philip, que estava ao seu lado durante o pronunciamento, liderar o Reino Unido foi a maior honra de sua vida.
Ataques a Corbyn
No início da manhã, em sua última sessão de perguntas e respostas no Parlamento britânico, May sugeriu que Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista, seguisse sua deixa e apresentasse sua renúncia. O ex-premier David Cameron havia feito o mesmo pedido em sua participação final frente ao Parlamento, em 2016.
"Como uma líder de partido que reconheceu que sua hora havia chegado, talvez seja o momento dele fazer o mesmo", disse May, após embate com Corbyn, onde acusou-o de ter levado em conta apenas seus interesses partidários ao votar contra os acordos do Brexit.
Diversos trabalhistas estão infelizes com o trabalho de Corbyn, que ainda tem grande apoio nas bases do partido e sobreviveu. Ele demonstrou, por um longo período, posição ambígua sobre o Brexit , parte por seu próprio posicionamento eurocético, parte pelo temor de perder os eleitores trabalhistas que votaram pela saída do bloco em 2016. No início do mês, contudo, o líder da oposição afirmou que, em caso de uma nova votação, fará campanha para que o Reino Unido continue na União Europeia.
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Perguntada pela parlamentar trabalhista Ruth Cadbury sobre como se sentia ao entregar o país para Johnson, um homem que, segundo ela, "fica feliz de demonizar muçulmanos e promete vender o país para Donald Trump e seus amigos", May respondeu: "Eu tenho prazer de entregar o cargo ao futuro líder do Partido Conservador e primeiro-ministro, com quem eu trabalhei quando estava no meu Gabinete, e que está comprometido, como um conservador que apoiou o manifesto do partido em 2017, na votação de 2017 e entregará um futuro brilhante para este país."