Boris Johnson
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Boris Johnson

Líderes da União Europeia parabenizaram nesta terça-feira (23) o próximo primeiro-ministro do Reino Unido , Boris Johnson, mas reiteraram que não irão acatar as promessas eleitorais do líder conservador de renegociar o Brexit. Segundo uma porta-voz, a Comissão Europeia está disposta a trabalhar com Johnson, mas os limites são claros.

"Estamos ansiosos para trabalhar construtivamente com o primeiro-ministro Johnson quando ele tomar posse para facilitar a ratificação do acordo de saída e alcançar um Brexit ordenado", disse o negociador do bloco, Michel Barnier, via tuíte.

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Minutos antes do anúncio oficial, mas com Johnson como claro favorito, o vice-líder da Comissão Europeia, Frans Timmermans , afirmou que a UE não irá concordar com uma alteração no acordo firmado por Theresa May:

"O Reino Unido chegou a um acordo com a União Europeia, e a União Europeia vai se ater a esse acordo", disse Timmermans em uma coletiva de imprensa, afirmando que "o caráter, a personalidade ou a atitude" peculiares do Johnson não farão diferença nas negociações.

O vice-líder da Comissão disse ainda que o assunto será discutido quando Johnson for a Bruxelas, mas advertiu sobre o cenário mais prejudicial: o Reino Unido precisará administrar as consequências caso saia do bloco europeu, do qual faz parte desde 1973, sem um acordo.

Em entrevista coletiva, Ursula von der Leyen, presidente eleita da Comissão, adotou tom parecido, afirmando que espera ter uma boa relação com Johnson, mas que o período a seguir será "desafiador" e que os líderes têm "um compromisso de entregar algo que seja bom para as populações da Europa e do Reino Unido".

Emmanuel Macron, presidente francês, ecoou o posicionamento de Von der Leyen e disse que pretende conversar com Johnson assim que o novo premier tomar posse, na quarta-feira: "Eu estou ansioso para trabalhar com ele assim que possível, não apenas em questões europeias como as negociações do Brexit, mas também em assuntos que precisamos coordenar diariamente com o Reino Unido e a Alemanha, como o Irã e outras questões de segurança internacional."

Três estratégias

Johnson é um ferrenho defensor do Brexit a qualquer custo no dia 31 de outubro, prazo final estabelecido pelo bloco europeu. Ele não rejeita nem lançar mão de um mecanismo legal que permitiria a suspensão do Parlamento para que um divórcio sem acordo não fosse barrado pelos legisladores. A posição polêmica, contudo, sofreu uma derrota na quinta-feira, quando mais de 30 conservadores desafiaram as ordens do partido e ajudaram a aprovar uma medida destinada a barrar a medida.

Para Johnson, há três estratégias possíveis para guiar o Reino Unido pelos próximos meses e garantir o divórcio do bloco europeu. A melhor das hipóteses para a saída da UE seria a renegociação de um novo acordo do Brexit que substitua o negociado por Theresa May, rejeitado três vezes pelo Parlamento britânico.

A União Europeia, porém, mantém que está disposta apenas a discutir mudanças na declaração política sobre a futura relação entre as partes e não uma renegociação completa do tratado.

O premier recém-escolhido, entretanto, reconhece a improbabilidade de seu cenário dos sonhos, já que os parlamentares britânicos entrarão em recesso de verão e tanto o seu governo, quanto o Parlamento Europeu, estarão com equipes de transição. Logo, o tempo de negociação ficará limitado a poucas semanas entre setembro e outubro, muito menos que os 17 meses das discussões lideradas por May.

Outra possibilidade prevista por Johnson é fazer com que o Parlamento ratifique apenas as "melhores partes" do acordo de May. Esta opção incluiria apenas os pontos menos polêmicos, como os direitos dos cidadãos europeus, questões de segurança e de cooperação diplomática e excluiria o chamado "backstop", mecanismo para impedir a volta de um controle rígido na fronteira entre as Irlandas, mantendo, na prática, o Reino Unido dentro da união aduaneira com a UE. A fim de evitar o retorno de uma fronteira na Irlanda durante este período transitório, Johnson mencionou certas soluções tecnológicas ou isenções.

Para garanti-la, o novo premier aposta em uma estratégia de "ambiguidade construtiva", baseando-se particularmente no pagamento de 39 bilhões de libras que Londres deve à UE no âmbito do Brexit. Este montante poderia servir como meio de pressão para obter de Bruxelas um acordo de "status quo" que permita renovar as regras comerciais existentes até que um novo acordo seja assinado.

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Restaria, então, o cenário mais temido, já que os países europeus não se mostram dispostos a acatar os desejos de Johnson: o Brexit sem acordo . Uma saída a qualquer custo teria consequências muito mais graves para o Reino Unido do que para o continente, com uma economia muito maior e diversificada. Além de representar um enorme fracasso diplomático para os britânicos, esta solução também pode colocar em risco o acordo de paz na Irlanda do Norte , que encerrou décadas de violência. 

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