Janeiro de 2021 teve o menor número de alertas de desmatamento na Amazônia Legal dos últimos quatro anos. Houve uma redução de 70% em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e foram compilados pelo Ministério da Defesa. Foram 86 km² de alertas, contra 284 km² em 2020. Em 2018 e 2019, foram 183 km² e 136 km², respectivamente.
Os dados são divulgados enquanto o governo federal prepara a saída das Forças Armadas da região. Anteontem, o vice-presidente Hamilton Mourão confirmou que a atual operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), em vigor desde maio, será encerrada no fim de abril.
A fiscalização voltará a ser comandada pelas agências ambientais, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis ( Ibama ) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade ( ICMBio ).
Nos oito primeiros meses de vigência da GLO, entre maio e dezembro, os alertas de desmatamento na região caíram 14% em relação ao ano anterior, de 8.405 km² para 7.222 km². Considerando todo o ano de 2020, também houve uma redução, mas menor: 8%.
Paulo Moutinho, pesquisador sênior do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia ( IPAM ), afirma que ainda é cedo para comemorar, porque o desmatamento acumulado nos últimos anos é “assustador”. Moutinho também ressalta que os meses chuvosos costumam ter índices menores de derrubada da floresta.
"É difícil atribuir o que é devido ao clima mais chuvoso e o que é devido ao avanço da fiscalização . O fato é que o desmatamento acumulado nos últimos três, quatro anos é extremamente assustador e alto . E, portanto, não há nada para comemorar em relação a um mês ou outro", afirmou.
Os dados são do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real ( Deter ), cuja finalidade é emitir alertas para auxiliar na fiscalização. Outra ferramenta, o Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal (Prodes), consolida posteriormente os dados, analisando o desmatamento ocorrido entre agosto de um ano a julho do ano seguinte.
O último levantamento do Prodes , divulgado em novembro, mostrou um avanço de 9,5%. Foi a primeira vez que o período analisado pelo sistema abrange exclusivamente o governo de Jair Bolsonaro .