Em meio às tentativas de fortalecer os partidos para as eleições de 2026, Republicanos e Progressistas negociam uma federação para aumentar o poder da bancada na Câmara dos Deputados e no Senado. A informação foi divulgada inicialmente pela Folha e confirmada pelo iG.
A ideia é federalizar os partidos pelos próximos quatro anos e formar a segunda maior bancada única na Câmara dos Deputados com 90 parlamentares. As legendas ficariam atrás apenas do PL, que conta com 98 deputados. No senado, as bancadas formariam 10 representantes.
Os presidentes das legendas, Marcos Pereira (Republicanos) e Ciro Nogueira (Progressistas), se reuniram nas últimas semanas para tentar avançar as negociações. Fontes ligadas às tratativas afirmaram que as conversas estão em fase inicial e nada deve ser decidido tão breve.
As negociações tendem a se arrastar principalmente pela resistência das executivas estaduais e a disputa de poder pelo controle da federação.
Por lei, a federação deve se manter unida pelos próximos quatro anos nas esferas nacional, estadual e municipal. Para as eleições de 2024, Republicanos e Progressistas devem ficar em lados opostos em algumas cidades no interior do país.
Nas capitais, contudo, as legendas tendem a manter a proximidade, com destaque para São Paulo. O Progressistas deve apoiar Ricardo Nunes (MDB), que já tem o Republicanos como aliado, capitaneado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Além das resistências estaduais, o acordo deve ser afetado pela disputa de poder na liderança da federação. Nogueira e Pereira mantém todas as ações dos partidos sob seus controles e qualquer interferência nas opiniões deles poderiam ser interpretadas como perca de poder por ambos, segundo fontes ouvidas pelo iG.
Outro que desponta pelo controle da federação é o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL). Lira é visto como um político de alto poder em Brasília, principalmente após manter o controle sobre o governo Jair Bolsonaro e ter sucesso nas pressões do Centrão no governo Lula.
“Quem vai liderar a federação? Lira, Ciro ou Marcos? Nenhum deles vai abdicar do poder. Não vejo chance dessa federação sair”, disse uma fonte que participa das negociações.
Essa é a segunda vez em que Nogueira e Pereira sentam à mesa para negociar uma união dos partidos. A primeira aconteceu em 2021, mas deputados federais e as executivas ficaram receosas com a proposta.
Governo também pode ser entrave
Outro fator que pode atrapalhar as tratativas é o apoio ao governo Lula de ambos os partidos. Progressistas e Republicanos fazem parte da base do petista, mas ainda há dissidentes do bolsonarismo nas legendas.
A entrada do PP ao Planalto, por exemplo, foi negociada por Lira em troca de apoio do Centrão na Câmara dos Deputados. Com isso, André Fufuca assumiu o ministério dos Esportes e Carlos Vieira assumirá a Caixa Econômica Federal.
Porém, Ciro Nogueira, que já foi base de Lula em outros governos, apresenta forte resistência em aderir à cúpula petista. Ex-ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro, Nogueira tem mostrado fidelidade ao ex-presidente e impôs o afastamento de Fufuca da executiva nacional da legenda após assumir o posto no Planalto.
Já o Republicanos entrou no governo por meio de Silvio Costa Filho no Ministério de Portos e Aeroportos. Entretanto, há deputados, como Coronel Zucco (RS), e senadores, como Damares Alves (DF) e Hamilton Mourão (RS), que se colocam contrários a todas as pautas petistas.
Nos bastidores, aliados veem dificuldades em gerir a base das legendas para um acordo de proximidade com o governo como mais um entrave para o acordo entre os partidos.