Em dois casos o PT conseguiu uma taxa de conversão boa
Caio Barbieri
Em dois casos o PT conseguiu uma taxa de conversão boa


Já comentamos sobre os resultados das  eleições municipais e como eles foram desfavoráveis à esquerda, destacando o ocorrido em  São Paulo e Porto Alegre. Ambos os exemplos exibem um mesmo fenômeno: alta rejeição, geradora de uma baixa “taxa (ou percentual) de conversão”. Explica-se. No primeiro turno de uma eleição, os votos são naturalmente pulverizados entre vários candidatos.

Quando se passa para o  segundo turno, havendo só duas opções viáveis – além, claro, do nulo e do branco – os candidatos precisam atrair os eleitores do primeiro turno que votaram em outros candidatos. Isso exprime a tal “taxa de conversão”.

São Paulo, que teve provavelmente o primeiro turno mais disputado de toda a sua história, ilustra bem esse aspecto.  Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL) e;  Pablo Marçal (PRTB) tiveram, respectivamente, 29,48%; 29,07% e; 28,14%.

Nunes e Boulos,  no segundo turno, exibiram percentuais bem mais distantes um do outro. O atual prefeito contou com 59% dos votos, ante 40% de Boulos. Um saiu de 29% para 59%, o outro saiu dos mesmos 29% para 40%. A diferença é grande e mostra a dificuldade de Boulos em vencer sua própria rejeição e inclusive em atrair apoios.

Em dois casos o PT conseguiu uma taxa de conversão boa. Seu candidato em  Fortaleza, Evandro Leitão, havia obtido 34,33% dos votos e André Fernandes do PL, ao final derrotado no segundo turno, havia recebido 40,20%. Leitão, no segundo turno, chegou em 50,38% dos votos ante 49,62% de André Fernandes do PL. Uma margem mínima, mas suficiente para vencer as eleições.

Maria do Rosário, em  Porto Alegre, saiu de 26,28% dos votos para 38,47%, uma expansão de mais de 12 pontos. Insuficientes, porém, para bater seu adversário,  Sebastião Melo, que saiu de 49,72% para 61,53%. Considerando ter sido a capital gaúcha um reduto petista por muitas eleições, a derrota é expressiva.

As eleições municipais são fundamentais para muitos aspectos políticos-eleitorais, e a as eleições majoritárias de 2026, para Governador de Estado e Presidente da República, são a principal consequência do que se vive hoje, 2024.

Ter poder local garante capilaridade, corpo-a-corpo com o eleitor, presença física e ideológica, interação pessoal. Uma coisa é organizar uma carreata com um candidato à presidência da República cujo líder local é seu correligionário ou ao menos simpatizante, outra, bem diferente, é fazer o mesmo ato num ambiente político adverso, até mesmo hostil.

Amanhã concluímos a análise desse tema.

Para ler mais textos meus e de outros pesquisadores, acesse  www.institutoconviccao.com.br

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