Desfile da Independência 2024
Redação GPS
Desfile da Independência 2024


A comemoração do  7 de setembro sempre é importante, mas por razões distintas. Em anos não eleitorais, a data é cívica e com forte viés nacionalista, patriótico. Em anos eleitorais, o evento se transforma num grande ato político, por vezes até com características de comício eleitoral. Ou até de ato eleitoreiro...

Antes de se criticar essa mudança de abordagem e tratamento, atentemos para a proximidade de datas: as  eleições municipais ocorrerão nos dias 6 e 27 de outubro – esta última só para locais que tiverem um segundo turno – e o 7 de setembro, portanto, ocorre apenas um mês antes das eleições. Literalmente, a reta final.

A oposição ao governo, mais apropriadamente  Bolsonaro e outros tantos políticos ligados à oposição, cerraram fileiras na Av. Paulista, em São Paulo. Estimativa foi da presença de cerca de 45 mil pessoas ao ato, segundo dados do grupo “Monitor do Debate Político”, ligado à USP. Em fevereiro desse ano foram 185 mil pessoas.

Esperava-se um Bolsonaro menos inflamado, com um discurso mais ponderado. Essa expectativa foi devidamente frustrada, contudo. O ex-presidente nomeou o Ministro do STF, Alexandre de Moraes, de ditador e sugeriu de modo indireto o seu impeachment, pedindo que o Senado “coloque um freio no Ministro” e criticou abertamente o governo federal.


Outro ponto aguardado era a participação de  Pablo Marçal, estrela em ascensão na política paulistana e que vem causando alvoroço, especialmente nas campanhas de Guilherme Boulos e Ricardo Nunes. Este último, ungido por Bolsonaro, teve participação discreta no evento da Av. Paulista. Marçal tentou subir no caminhão de som onde estava o ex-presidente e foi barrado.

Na outra ponta, nos atos oficiais ocorridos em Brasília, enganou-se quem projetou algo desprovido de intenções ou conotações políticas. Não foi algo com o contexto político-partidário observado na Paulista, mas o elemento político marcou presença.

Neste sentido, chamou a atenção a presença de vários ministros do STF, característica pouco comum para este tipo comemoração. Além do presidente do Supremo, Ministro Luís Roberto Barroso, também compareceram os ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Cristiano Zanin e Alexandre de Moraes. A leitura política é que tanto o STF, quanto de modo especial o Ministro Moraes, quiserem mostrar força e bom relacionamento entre os poderes.

Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, tem comentado algo na linha do “não podemos abraçar qualquer aventura” se referindo ao pedido de impeachment de Moraes. Contudo, todos sabem que Pacheco sofre pressões internas em sentido contrário, daí a importância de manter esse relacionamento bem pavimentado.

O saldo final, ou conclusão, é que governo e oposição “fizeram o seu comercial”, assim como o STF e seus ministros, cada vez mais assemelhados a políticos no sentido mais literal e restrito do termo, cabalando apoio para os seus interesses.

Para ler mais textos meus e de outros pesquisadores, acesse  www.institutoconviccao.com.br

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