O mercado de apostas é bastante arriscado
Reprodução: Agência Brasil
O mercado de apostas é bastante arriscado


Já tratamos aqui, nesta mesma  coluna, sobre os riscos dos jogos de azar, alguns inclusive envolvidos em potenciais práticas criminosas, como o  "jogo do tigrinho".

Numa vertente um pouco diferente, mas que também envolve riscos, azar/sorte e, importante, vício, encontram-se as chamadas "bets". A palavra inglesa "bet" significa aposta ou apostar ("to bet") e, no mundo dos negócios, o termo se refere às empresas dedicadas às apostas, que chegaram com força total no mercado brasileiro.

No futebol, de modo especial, as empresas de apostas se mostram onipresentes, patrocinando equipes e, novidade, patrocinando o próprio campeonato brasileiro. De fato, a empresa de apostas Betano adquiriu os "naming rights" já nesta edição de 2024, e, assim, um dos campeonatos mais disputados do planeta passou a ser nomeado de "Brasileirão Betano". A casa de apostas substituiu o Assaí Atacadista, detentor dos "naming rights" de 2018 a 2023. Informações de bastidores indicam que o valor do acordo gira na casa dos R$ 50 milhões.

A questão é que o mercado de apostas é bastante arriscado. E aí estamos tratando de quem aposta, dos apostadores. O risco de envidamento e vício em apostas é alto, é real, é palpável. E preocupante. Segundo projeções da consultoria PwC, o mercado em questão movimentou R$ 60 bilhões em 2023 e deve movimentar R$ 100 bilhões em 2024, o que representaria quase 1% do PIB nacional. Esses números colocam o Brasil como o 3# maior mercado de apostas online em todo o mundo.


Alguns pontos causam justificável preocupação. Destacamos dois aqui: a. A regulamentação da atividade no Brasil é muito recente e, segundo especialistas, insuficiente e dúbia e; b. Com um volume tão expressivo de recursos envolvidos, há um tempo de que faltem recursos para consumo e pagamentos de dividas. Considere-se ainda que, diferente de outros setores, o ramo de apostas não possui uma cadeia de produção em que possa haver um reinvestimento de todo esse capital, como ocorre regularmente em outros setores da economia. Mais ainda: a maioria dessas empresas é estrangeira, o que significa remessa de valores ao exterior, mais um ponto de "sangria" para a nossa economia.

De fato, embora os jogos de azar sejam proibidos no Brasil, pelo Decreto-lei 9.215/1946, existe uma lei, a 13.756/2018, que abre brecha para o funcionamento dos sites de apostas no país. Para complicar, as regras válidas para essas empresas são as dos países de origem e estas agem no sistema de cota fixa, aprovado no segundo decreto citado. Isso permite que os brasileiros acessem e participem dessas plataformas sem enfrentar consequências legais diretas aqui no Brasil.

O vício em apostas online compartilha várias semelhanças com a dependência química, incluindo a necessidade crescente de jogar, sintomas de abstinência quando não é possível jogar, e comprometimento das relações pessoais familiares, sociais e profissionais. E, claro, financeiras. Em ambos os casos, podem ocorrer alterações químicas no cérebro, associadas ao hábito de consumo (tanto de jogos quanto de substâncias químicas), em que há comportamentos compulsivos envolvidos, surgindo a necessidade de um tratamento específico para a situação.

Para ler mais textos meus e de outros pesquisadores, acesse  www.institutoconviccao.com.br

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