Para Mourão, Bolsonaro não tem culpa pelos atos golpistas de 8 de janeiro
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Para Mourão, Bolsonaro não tem culpa pelos atos golpistas de 8 de janeiro


O senador e ex-vice-presidente da República, Hamilton Mourão (Republicanos-RS), falou um pouco sobre seu contato com o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro logo após a consagração de sua derrota eleitoral em 2022.

Mourão avalia que Bolsonaro não tem culpa pelos atos golpistas em Brasília no dia 8 de janeiro de 2023, mas conta ter aconselhado o então presidente a reconhecer sua derrota.

Em entrevista ao jornal O Globo, Mourão foi questionado sobre o motivo de Bolsonaro ter se negado a reconhecer o resultado das eleições, e limitou-se a dizer que “a gente nunca sabe como um ser humano reage a um determinado acontecimento”, e que Bolsonaro estava “muito frustrado”.



Mourão conta que esteve com o ex-presidente três vezes desde que o resultado das urnas foi determinado e divulgado. A primeira foi no dia seguinte ao anúncio da vitória de Lula, para “prestar solidariedade”. “Era um momento muito pessoal em que ele estava triste”, disse Mourão.

“Depois eu estive com ele na Academia Militar, onde acompanhamos a cerimônia do aspirantado. E conversei com ele posteriormente, no final de novembro ou início de dezembro: pedi que reconhecesse o resultado da eleição. Ele só me ouviu, não falou nada”, contou o senador.

Para o ex-presidente, Bolsonaro não tem culpa pela ação de radicais golpistas que invadiram e depredaram as sedes dos três poderes da República no dia 8 de janeiro.

Ele chega a questionar o que Bolsonaro poderia ter feito, alegando que “aquela movimentação [acampamentos golpistas] já estava em determinados grupos dos nossos apoiadores, aqueles mais insatisfeitos com o processo eleitoral”.

Delação de Mauro Cid

Bolsonaro e o seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid
Alan dos Santos/Presidência
Bolsonaro e o seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid



Mourão também não crê que Bolsonaro possa ser incriminado pelo  teor da delação premiada do ex-ajudante de Ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid , caso seja confirmada a veracidade das alegações do ex-ajudante de ordens.

“Não creio. A não ser que você diga que ele [Bolsonaro] deu dinheiro, que ele incentivou [os atos golpistas], algo do gênero. Ele jamais ia incentivar isso aí”, disse Mourão.

Para o senador, o próprio Mauro Cid deveria ter sido preso após a denúncia de participação no esquema de fraude aos cartões de vacinação contra Covid-19 de Bolsonaro e de sua filha menor de idade, Laura. 

“Prender um cara sob o argumento de que falsificou um cartão de vacina. É a mesma coisa que se reclama na esquerda em relação aos acontecimentos da Lava-Jato. Isso está sendo repetido agora. Então, agora vale?”, questionou Mourão.


Vale destacar que apesar do motivo inicial da prisão ter sido a fraude aos cartões de vacinação, Mauro Cid acabou preso em uma imensa teia de inquéritos por participação em diversos crimes, desde sua participação ativa na venda ilegal de presentes do Governo Brasileiro nos EUA até a participação de reuniões em que teses e planos golpistas eram arquitetados e discutidos.

Questionado sobre a importância de punir militares envolvidos na suposta trama golpista, Mourão indagou o que, exatamente, configura uma tentativa de golpe, classificando como “mero blá-blá-blá” a reunião em que,  segundo Mauro Cid, Bolsonaro perguntou aos comandantes das três Forças Armadas se eles apoiariam uma tentativa de golpe - e que o Almirante Garnier Santos, ex-comandante da Marinha , teria concordado.

“Uma tentativa de golpe seria o quê? A Força Armada sair para a rua e ser derrotada, a exemplo do que ocorreu na Turquia. Isso não aconteceu no Brasil. Se for verdade a delação do Mauro Cid sobre essa suposta reunião, o que houve foi uma discussão. Segundo ele, uns disseram que eram contra e outro disse que era a favor. Isso é um assunto que vai pertencer à História apenas”, disse o ex-presidente. 

O senador disse não ver nenhuma parcela de culpa das Forças Armadas, que teriam agido “dentro da legalidade, legitimidade e mantendo a estabilidade do país” no contexto dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

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