Até o início desta quinta-feira (27), a Justiça Federal do Espírito Santo (JFES) afirmou que a Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF) ainda não haviam notificado o recebimento dos dados solicitados ao Telegram sobre as medidas de combate a grupos neonazistas dentro da plataforma. Isso faz com que o aplicativo continue suspenso no Brasil, com uma multa diária acumulada que já pode chegar a R$ 2 milhões.
Até o momento, também não há "informação sobre interposição ou não de recurso".
Nessa quarta-feira (26), a Justiça determinou que as empresas de telefonia e as responsáveis pelas lojas de aplicativos suspendessem imediatamento o acesso ao Telegram.
O aplicativo teria ignorado pedidos do Ministério da Justiça para combater a difusão de grupos neonazistas que poderiam estar relacionados à disseminação de conteúdos que incentivem os ataques a escolas.
Além do bloqueio no Brasil, a multa aplicada, que antes era de R$ 100 mil, passou para R$ 1 milhão a cada dia que a plataforma não fornecer os dados solicitados.
No último dia 21, a plataforma enviou os dados de grupos neonazistas que trocam mensagens no aplicativo após determinação da Justiça.
A entrega ocorreu após o Ministério da Justiça entrar com um processo administrativo contra o aplicativo de mensagens. O Telegram negou o envio de informações sobre as medidas adotas pela empresa para evitar o envio de mensagens extremistas.
A investigação se refere ao ataque a duas escolas em Aracruz (ES), que deixou quatro mortos e 12 feridos, em novembro do ano passado.
A Polícia Federal divulgou um relatório ao qual aponta que o responsável pelo atentado, foi influenciado por materiais antissemitas no Telegram. As mensagens eram veiculadas em grupos na plataforma.
Combate a discursos de ódio
Na última semana, o ministro da Justiça, Flávio Dino, já havia dito que a pasta abriria um processo administrativo contra o Telegram após a rede não informar os mecanismos para combater conteúdos de ódio. Na ocasião, ele alertou que a plataforma poderia ser suspensa caso não fornecesse as informações.
"Esse processo pode resultar naquelas sanções, que estão no Código de Defesa do Consumidor, que são multas até eventualmente suspensão das atividades no território nacional", disse Dino, durante balanço da Operação Escola Segura, no último dia 20.
O secretário Wadih Damous informou que o Telegram foi a única plataforma a recusar atender aos pedidos do governo brasileiro.
"O Telegram tradicionalmente é de difícil contato, é de difícil diálogo", afirmou. "Não respondeu à notificação da secretaria Nacional do Consumidor, então nós vamos abrir um processo administrativo sancionador."
As redes sociais tinham até o último dia 12 para apresentar à Polícia Federal as medidas para conter o avanço dos grupos extremistas.
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