O procurador do Ministério Público Federal (MPF) no Distrito Federal Frederico Paiva, que investiga os bloqueios nas estradas feitos por apoiadores do atual mandatário, Jair Bolsonaro (PL) , disse suspeitar que os grupos tenham um financiamento oculto.
"Os caminhoneiros tinham cobertura por trás. Ninguém abre mão de trabalhar por todo esse tempo se não há cobertura financeira por trás", afirmou, em entrevista à GloboNews nesta segunda-feira (7).
Paiva disse que identificar os supostos financiadores é mais importante que descobrir quem são os motoristas que participaram das manifestações em si, para que sejam punidos.
"É de fundamental importância identificar quem fomentou esse movimento, e que sofra severa punição", disse. "Se não conseguir punir, vai acontecer de novo".
De acordo com ele, as investigações relacionadas aos atos precisam avançar para chegar a alguma conclusão, mas os indícios apontam que houve crime eleitoral e prevaricação por parte da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
"Em relação à PRF , o que a gente questiona é essa suposta falta de ação logo após o resultado eleitoral, quando começaram esses bloqueios em rodovias federais. A gente quer saber se essa omissão da PRF tem alguma motivação política", afirmou.
Na última quarta-feira (2), o MPF solicitou que a Polícia Federal abra um inquérito para investigar supostas irregularidades e omissões do diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques . O pedido foi motivado pelo patrulhamento, "principalmente na região do Nordeste", no domingo das eleições (30), e pela possível negligência de Vasques no enfrentamento aos bloqueios de rodovias em vários estados do Brasil .
A Polícia Rodoviária Federal informou que ainda há dois bloqueios totais (Santa Catarina e Mato Grosso) e quatro interdições (Santa Catarina, Rondônia e duas no Pará) registradas em rodovias pelo país nesta segunda .
Os bloqueios começaram a ser registrados ainda no dia 30 de outubro, após a divulgação do resultado do segundo turno das eleições 2022 , que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como o próximo presidente da República .
Desde então, os eleitores de Bolsonaro dizem não reconhecer o resultado das urnas e pedem "intervenção federal".
Eleições
De acordo com informações do TSE, Lula foi eleito à presidência no domingo (30) com 57.259.504 votos (48,43%) . Derrotado nas urnas, o atual mandatário, Jair Bolsonaro, somou 51.072.345 votos (43,20%).
Desde a redemocratização, essa é a nona eleição. Pela primeira vez, o presidente em exercício não foi reeleito, desde 1998 , quando foi instituída a possibilidade de um segundo mandato na Constituição Federal.
Outro dado histórico, como apontou o iG , é que, desde 1989, os líderes das pesquisas de intenção de voto sempre terminaram eleitos . Além disso, Lula alcançou a maior quantidade de votos para um presidente da República eleito .
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