Um ano após o brutal ataque que matou três bebês e duas professoras em uma creche no município de Saudades , no Oeste de Santa Catarina, familiares das vítimas ainda aguardam pela conclusão do processo.
O acusado, que tinha 18 anos à época, tentou se matar no local, mas sobreviveu. Ele foi operado, e após alta médica, preso. Hoje, a ação aguarda o julgamento de um recurso apresentado pela defesa do acusado para voltar a tramitar na Justiça.
Desde que o homem foi acusado, três laudos foram divulgados indicando pareceres diferentes sobre a sua saúde mental. A discussão, agora, gira em torno da sanidade mental do réu. O advogado alega que um júri popular não teria condições de discorrer sobre questões técnicas e que a insanidade do jovem deve ser "esclarecida em uma nova perícia".
Ao iG , o MPSC (Ministério Público de Santa Catarina) informou que o processo aguarda o julgamento desse recurso de defesa e, somente depois disso, a Justiça conseguirá definir se o acusado irá ou não a juri popular. O processo segue em sigilo no Fórum da Comarca de Pinhalzinho, cidade vizinha de Saudades, enquanto ele segue detido em um hospital psiquiátrico.
O MPSC denunciou o homem por cinco homicídios qualificados. Ele também responde por 14 tentativas de homicídio contra outros funcionários e crianças que estavam na creche no dia do ataque.
Relembre o caso
Em 4 de maio de 2021, o criminoso invadiu a escola infantil no interior do estado armado com duas facas e matou três bebês menores de dois anos e duas professoras , até ser imobilizado pelos vizinhos que ouviram gritos de socorro e foram até o local. Um quarto bebê esfaqueado no atentado conseguiu sobreviver após ser internado.
O responsável tentou tirar a própria vida logo após o ataque e passou uma semana internado em um hospital de Chapecó. No dia seguinte à chacina, a Justiça de Santa Catarina determinou a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva, deixando o acusado sob custódia do Estado, mesmo ainda internado.
Após retomar a capacidade de falar, o jovem prestou depoimento ao delegado Jerônimo Marçal , responsável pela investigação na comarca de Pinhalzinho, que disse que o acusado sofria bullying e tinha "alguns problemas dentro de casa" .
"Ele sofria bullying na escola, vinha maltratando alguns animais, era muito introspectivo, 'quietão', na dele. Aquele perfil que é comum na nossa sociedade, daquele jovem que se tranca no quarto e ninguém sabe o que está fazendo no computador", afirmou Jerônimo em coletiva de imprensa, baseando-se em 'informações colhidas por pessoas próximas'".
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Uma semana depois, dia 12 de maio, o acusado recebeu alta hospitalar e foi encaminhado à unidade prisional .
Ele não tinha histórico policial, no entanto, durante as investigações, os agentes encontraram indícios de que ele se inspirou em outros episódios, como o massacre de Suzano, em São Paulo, em 2013, onde 10 pessoas morreram, e em Columbine, nos Estados Unidos, onde 13 pessoas foram mortas. Em ambas as situações, os autores cometeram suicídio.
As cinco vítimas do ataque são:
- Sarah Luiza Mahle Sehn, de 1 ano e 7 meses;
- Murilo Massing, de 1 ano e 9 meses;
- Anna Bela Fernandes de Barros, de 1 ano e 8 meses;
- Keli Adriane Aniecevski, de 30 anos;
- Mirla Renner, de 20 anos.
Laudos
O primeiro laudo feito no acusado a pedido do MPSC foi divulgado em setembro de 2021 e indicava que o homem tinha "plena capacidade de entender o caráter criminoso do fato". O laudo feito pelo IGP-SC (Instituto Geral de Perícias de Santa Catarina) concluiu que o jovem tem um distúrbio mental, mas que é capaz de entender as consequências de seus atos.
Mais tarde, outros dois exames de sanidade mental anexados ao processo, no entanto, tiveram conclusões diferentes. O segundo documento, realizado a pedido da defesa do réu, mostrou que o homem tem "esquizofrenia paranoide em comorbidade com dependência de jogo pela internet". Segundo o exame, isso afetaria a capacidade do acusado no momento em que cometeu o crime.
Já um terceiro laudo, concluiu que o homem tem um transtorno psicótico denominado "esquizofrenia do tipo indiferenciada", mas que era imputável à época do crime. Com isso, os sintomas da doença não teriam afetado sua capacidade de entendimento e determinação.
Em fevereiro deste ano, o juiz responsável pelo caso determinou que a discussão sobre a sanidade do acusado seria julgada pelo Tribunal do Júri. A defesa do réu, porém, apresentou um recurso, acatado pelo Tribunal de Justiça.
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