Fabiano Kiper Mai, 18
, responsável pelo atentado a uma creche em Saudades
, no oeste catarinense, chegou nesta quarta-feira, 12, ao Presídio Regional de Chapecó. Internado há uma semana após tentar se matar na sequência do ataque, ele teve alta do hospital no começo da manhã e foi encaminhado à unidade prisional.
O autor do ataque invadiu uma escola infantil no interior de Santa Catarina em 4 de maio. Armado com duas facas, ele matou três bebês e duas professoras até ser imobilizado pelos vizinhos que ouviram gritos de socorro e foram até a creche. Um quarto bebê esfaqueado no atentado, conseguiu sobreviver e teve alta do hospital no último domingo, Dia das Mães.
As cinco vítimas são Sarah Luiza Mahle Sehn, de 1 ano e 7 meses, Murilo Massing, de 1 ano e 9 meses, e Anna Bela Fernandes de Barros, de 1 ano e 8 meses, além das duas professoras da creche, Keli Adriane Aniecevski, de 30 anos, e Mirla Renner, de 20 anos.
No dia seguinte ao ataque, a Justiça catarinense determinou a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva, e o assassino passou a ficar sob custódia do Estado, mesmo internado. Na última segunda-feira, 10, ao retomar a capacidade de falar, ele prestou depoimento ao delegado Jerônimo Marçal, responsável pela investigação na comarca de Pinhalzinho.
O Departamento de Administração Prisional (Deap) afirmou que o assassino está "em isolamento, cumprindo os protocolos de prevenção à Covid-19".
A motivação do crime é desconhecida. Os investigadores apostam na averiguação do computador e do pendrive apreendidos na residência do assassino para tentar compreender se ele agiu sozinho e por qual razão cometeu o atentado.
O advogado de defesa, Kleber dos Passos Jardim, nomeado pela Justiça catarinense, deve solicitar novamente um exame de sanidade mental ao investigado. O primeiro pedido foi negado pelo juiz Caio Lemgruber Taborda na semana passada porque o autor do ataque estava internado na unidade de terapia intensiva (UTI) e ainda não tinha prestado depoimento.
Dilema
O município de Saudades vive um dilema de segurança. Com 10 mil habitantes, a cidade não costuma conviver com a violência. O ataque à creche deixou o mesmo número de mortos que o registrado nos últimos dez anos. Entre 2008 e 2020, o total de homicídios chega a oito, e o de latrocínios, a dois, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública de Santa Catarina.
Agora a prefeitura quer articular uma resposta ao ataque para resgatar a tranquilidade dos moradores, numa cidade habituada à escassez de crimes.
O prefeito Maciel Schneider (PSL) tenta encontrar uma resposta para a crise que caiba nas necessidades da cidade. Ele diz ainda não saber se a prefeitura vai instalar catracas, câmeras e sistemas de entrada nas escolas ou se vai reforçar o policiamento.
O governo federal, por meio do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, ofereceu investimento para a creche palco do atentado e disponibilizou profissionais de saúde para dar suporte aos familiares das vítimas. O governo de Santa Catarina também se propôs a ajudar com o reforço de agentes policiais.