Um policial militar reformado foi preso na manhã desta segunda-feira em uma operação da Polícia Civil contra uma milícia que atua na Baixada Fluminense. De acordo com as investigações da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco-IE), o cabo Júlio César dos Santos Marques, é o chefe da quadrilha. O policial chegou a mobilizar equipes do 20° BPM (Mesquita), onde foi lotado, para intimidar testemunhas ao cobrar taxas de propinas de moradores e comerciantes, em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro .
Ao todo, a Draco cumpriu um mandado de prisão e cinco de busca e apreensão. Dois PMs foram conduzidos para a delegacia da especializada.
A investigação, que começou há quatro meses, revelou indícios de que o PM vinha praticando atos de milícia
, como grilagem e posse ilegalmente de terrenos para a revenda em sua própria imobiliária, a Mac Consultoria. Uma vítima procurou a delegacia e denunciou o crime. Após descobrir sobre o relato, o PM foi até a residência e a agrediu. A invasão foi gravada por câmeras de segurança. O agente vinha agindo desde o ano passado e usava equipes do Grupo de Ações Táticas do 20º BPM, no qual serviu antes de se reformar.
"Essa investigação teve início após uma vítima dessas extorsões procurar a Draco. Colhemos o depoimento dela e começamos a apurar tudo o que ela relatou. E de fato, constatamos o que aconteceu. No ano passado ela começou a ser extorquida, cobrando a famosa taxa de segurança da localidade. Ele então começou a ser retaliado (porque se recusou a pagar). Até que viaturas começaram a rondar a casa dele. Policiais militares fardados invadiram a casa dele. A vítima retorna a delegacia para dizer que foi agredida após a denúncia. Com base nisso, pedimos a prisão dele para preservação da integridade da vítima", contou o delegado Willian Medeiros Penna Júnior, titular da Draco.
Além de Júnior, que foi preso no bairro Botafogo, em Nova Iguaçu, os agentes também cumpriram cinco mandados de busca e apreensão em Campo Grande e Bento Ribeiro.
A Draco afirma ainda que o policial militar, que se reformou no ano passado, exigia pagamento de taxas até para mototaxistas da região para que pudessem trabalhar. De acordo com testemunhas, até o terreno que servia de estacionamento para uma igreja foi invadido pelo militar.
"Identificamos um mototáxi que ele fez as extorsões. Além de um pastor que teve parte do terreno de sua igreja invadida pelo policial militar. Após as inovações, ele esquentava os documentos na sua empresa imobiliária", destacou o delegado da Draco, que completou:
"Ele, por ser PM da região, tinha facilidade de pegar as viaturas para cometer os vários crimes. Ele é o líder da milícia e não sabemos a extensão, por isso estamos apurando e temos até cinco dias para pedir a renovação da prisão por mais cinco dias ou a conclusão do inquérito".
Com os policiais a Draco apreendeu quatro pistolas, R$ 10 mil na casa de um dos agentes, celulares e documentos. "Apreendemos armas de fogo, anotações e dinheiro não compatível com a renda de um dos agentes. Com o fato material apreendido poderemos ter um desdobramento".
Na delegacia, os dois agentes que foram intimados a prestarem esclarecimentos negaram fazer parte da milícia. Disseram desconhecer o que aconteceu no dia da invasão da casa da testemunha.