A Polícia Civil de São Paulo pediu a prisão preventiva de um homem acusado de extorquir o governador do estado, João Doria (PSDB), e sua esposa, Bia Doria. De acordo com o relatório produzido pelos investigadores, o suspeito teria enviado áudios para a primeira-dama e ao governador afirmando que seu assassinato teria sido encomendado por uma facção criminosa paulista. O pedido foi revelado pelo jornal "Folha de S.Paulo" e confirmado pelo GLOBO.
Esse é um dos mais de dez inquéritos que são investigados pela Polícia Civil. As ameaças contra o governador cresceram após o crescimento da tensão entre o tucano e o presidente Jair Bolsonaro. Em março, o governador registrou um boletim de ocorrência após sofrer ameaças e injúrias. De acordo com o documento, Doria recebeu mensagens em seu celular que indicavam possíveis atos violentos a serem realizados em frente à sua casa. Na época, integrantes do governo paulista apontaram a ligação entre apoiadores do presidente e ameaças recebidas por Doria.
"Foram apresentados alguns casos de ameaça à Polícia. Esse é um caso em que o acusado mandou um áudio primeiro para a esposa do governador, depois para o governador, falando que ele ia ser assassinado. E que se o governador pagasse uma quantia, ele não mataria o governador. Era um áudio bem tenebroso, bem preocupante, mas a Polícia conseguiu identificar o autor", afirmou o advogado do governador, Fernando José da Costa.
Para este pedido de prisão, a Polícia Civil apontou um homem, de nome Hércules, como o responsável pela ameaça e extorsão. Morador do Pernambuco, ele já é investigado por ameaças similares ao ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho. No dia 16 de maio, ele foi preso de forma temporária em razão dessas ameaças. A partir das investigações policiais, foi possível identificar Hércules como a pessoa que também extorquiu João Doria.
Em São Paulo, a Polícia Civil chegou ao nome do acusado após o Facebook identificar o IP (número que identifica usuários na internet, uma espécie de RG de cada conexão) de criação e acesso da conta "@opdoriajr", responsável pelos áudios em que Hércules ameaçava Doria e a primeira-dama de morte caso eles não pagassem R$ 5 milhões. O e-mail vinculado à conta estava em nome de Hércules. Na Paraíba, Hércules confessou a extorsão.
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"Há robustos indícios de autoria, inclusive (e principalmente), confissão do indiciado. Não convence a versão de que "queria apenas assustar" as vítimas; muito ao contrário, insistiu na extorsão por meio de áudios (após tê-las feito por meio de mensagens de texto)", afirmou o delegado Ronaldo Augusto Comar Marão Sayeg no relatório em que pede a prisão preventiva de Hércules.
O crime de extorsão pode levar à prisão de pelo menos quatro anos, em caso de condenação.
Segundo o advogado de João Doria, Fernando José da Costa, o próximo passo será a apresentação de petição ao Ministério Público para oferecimento de eventual denúncia contra Hércules, assim como a necessidade de decretação, por um juiz, da prisão preventiva do acusado.
O GLOBO não conseguiu contato com o acusado.