Os participantes são os quatro mais bem colocados numericamente nas pesquisas recentes do Datafolha: Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL), Pablo Marçal (PRTB) e Tabata Amaral (PSB).
Reprodução/Youtube
Os participantes são os quatro mais bem colocados numericamente nas pesquisas recentes do Datafolha: Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL), Pablo Marçal (PRTB) e Tabata Amaral (PSB).

Nesta segunda-feira (30), os candidatos à Prefeitura de São Paulo participam do debate promovido pelo UOL e pela Folha de S. Paulo. O encontro começou às 10h e terminou às 12h15, sendo marcado por embates entre Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL), que trocaram alfinetadas sobre investigações acerca da corrupção em investimentos na administração da cidade e no âmbito das  rachadinhas de André Janones (Avante).

Outro momento de destaque foi em uma fala machista do candidato Pablo Marçal (PRTB), que disse que "mulher inteligente não vota em mulher", em uma provocação à candidata Tabata Amaral (PSB).

Também se destacou a insistência de Marçal, que perguntou diversas vezes a Nunes sobre o motivo pelo qual  sua esposa registrou um boletim de ocorrência contra o prefeito por violência doméstica.  Nunes não respondeu ao questionamento.

O encontro se iniciou com a explicação das regras do debate, realizada pela apresentadora e mediadora Fabíola Cidral. Ela frisou que os candidatos deveriam ser respeitosos e que aquele que levar três advertências será convidado a se retirar. Adicionou que há uma equipe de seguranças.

Primeiro bloco

O primeiro bloco do debate teve perguntas sobre o combate à Covid na cidade de São Paulo, posicionamentos ideológicos dos candidatos, bets e saúde mental.

Além disso, foi um bloco em que Ricardo Nunes foi o mais "alfinetado" pelos adversários, que fizeram suposições sobre a sua mudança de posicionamento acerca das vacinas.

Boulos e Marçal trocaram farpas a nível pessoal. Ao responder a uma pergunta sobre ter acusado o psolista de usar cocaína chamando-o de "aspirador de pó", o ex-coach disse que a justificativa do advogado - de que Boulos seria como o eletrodoméstico porque "atrai lixo" - se tratava de uma defesa técnica. Ele adicionou que falaria do "hospital do servidor".

O candidato do Psol, então, adiantou que ficou internado no hospital do servidor devido a uma depressão. Em resposta, Marçal perguntou a Boulos se ele já havia usado cocaína ou maconha. E Boulos revelou que nunca usou o estimulante, e que já havia experimentado maconha na adolescência uma vez.  Marçal, então, revelou que entrou nas eleições para evitar que Boulos ganhasse de Nunes.

Segundo bloco

O segundo bloco teve perguntas entre os candidatos, com ataques longos e diretos, especialmente entre Boulos e Nunes. Os temas variaram entre investimentos, crenças pessoais e farpas sobre o eleitorado.

Ele começou com uma pergunta de Nunes sobre os posicionamentos de Boulos, citando uma fala do psolista em que ele afirma que a classe média é preconceituosa. A resposta de Boulos se desdobrou em comentários de ataques entre todos os candidatos, finalizando com um elogio de Marçal a Tabata, a quem disse que, se eleito, convidará para ser secretária da educação.

Sobre os escândalos de corrupção em investimentos na adminsitração pública contra Nunes, Boulos afirmou que existem "sérias investigações da PF e do MP", e que o atual prefeito terá que responder. O candidato do PSOL aproveitou para explicar os questionamentos a ele sobre a relação com Janones, relacionado a rachadinhas.

"Em relação à 'rachadinha', é surpreendente que ele traga esse tema à tona, sendo aliado de Flávio Bolsonaro, que é conhecido como o 'rei da rachadinha'. (...) Além disso, na acusação da máfia das creches, ele foi acusado de receber cheques de 'rachadinha' na sua conta. Deixando isso bem claro: pau que bate em Chico bate em Francisco. Se o (André) Janones for considerado culpado pela PF ou pelo Judiciário, que pague como qualquer outro", afirmou Boulos.

Além disso, os candidatos protagonizaram um bate-boca sobre a fé de cada um, com longos discursos sobre o papel do cristão.

Tabata disse que Marçal atacou a imagem de seu pai em outros debates para tentar desestabilizá-la, e que "essa é a imagem que ele tem das mulheres". Segundo ela, "se é baixinha, se tem a voz mansa", Pablo Marçal "acha que vai conseguir comandar elas". Ela finalizou a fala dizendo que é "justamente a mulher que é a única adulta do debate" que "está aqui falando de proposta, batendo de cara com esses marmanjos que não conseguem responder suas perguntas".

Na resposta de Marçal, o candidato afirmou que "o esforço da Tabata é de parecer a mais sábia. Ela é a mais inteligente, só que a sabedoria dela é a mais baixa. Porque a sabedoria envolve a experiência, e o fato dela ficar esbravejando como se fosse a tia do colégio aqui entre nós, ela quer provar pra você [eleitor] que é mulher".

Na continuação, Marçal se direciona diretamente para Tabata dizendo que "se mulher votasse em mulher, você ia ganhar no primeiro turno. Mulher não vota em mulher, a mulher é inteligente. Ela tem sabedoria, ela tem experiência. Ela olha pra você e vê você sempre nesse embate e não vai votar em você."

Continuou sua explicação dizendo que, se fosse assim, "pobre votava em pobre, negro votava em negro".

Terceiro bloco

O terceiro bloco contou com perguntas de jornalistas, em temas como autoria de projetos, direito ao aborto na cidade de São Paulo e a relação política entre Boulos e Lula.

Em dado momento, a candidata Tabata Amaral voltou ao tema da fala machista de Marçal, e disse que ele "não vai estar no segundo turno porque eu tive coragem de desmascará-lo. Deve ser por isso que ele odeia tanto as mulheres e vem aqui dizer que mulher que é inteligente não vota em mulher."

Novamente, Marçal respondeu que "mulher inteligente não vota em mulher". 

Quarto bloco

Com embates entre Marçal e Nunes, o quarto bloco foi marcado por mais propostas e trocas mais pesadas de acusações entre os candidatos. Contundentemente, o ex-coach questionou Nunes, diversas vezes, o motivo de sua esposa ter registrado boletim de ocorrência contra ele.

Nunes se defendeu das acusações, mandou recado à esposa e disse que sua família iria "se livrar" do influenciador, que sugeriu ser vítima de uma ameaça de morte pelo adversário.

Marçal fez a pergunta sobre o caso de violência doméstica para Nunes até o fim do debate. A questão não foi respondida, gerando comentários inclusive de Gulherme Boulos, que criticou o silêncio do prefeito.

Tabata aproveitou o tema das acusações e falou sobre suas propostas em relação à segurança das mulheres.

O último bloco foi o único em que foram concedidos direitos de resposta para os candidatos: um para Ricardo Nunes e um para Pablo Marçal. As duas falas foram no âmbito da suposta acusação de violência doméstica contra Nunes.

Os candidatos também tiveram seus minutos e segundos finais para falar. Ricardo Nunes foi o primeiro a esgotar o tempo, e quase levou uma advertência ao tentar responder a Marçal quando já estava com seus segundos encerrados.

Já no encerramento do debate, a mediadora afirmou que Pablo Marçal foi advertido por usar um apelido para se referir ao adversário. Ele chamou Nunes de "Bananinha".

Formato de banco de tempo

Os participantes do debate foram os quatro mais bem colocados numericamente nas pesquisas recentes do Datafolha: Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL), Pablo Marçal (PRTB) e Tabata Amaral (PSB).

No formato de banco de tempo, cada candidato teve 20 minutos para falar nos quatro blocos do debate. Dois deles foram definidos com perguntas entre candidatos e dois com perguntas dos jornalistas do Uol e da Folha.

O formato prioriza o livre debate, com cada candidato podendo se manifestar em qualquer resposta, mesmo que a pergunta não tenha sido dirigida a ele.


Quer ficar por dentro das principais notícias do dia? Participe do nosso  canal no WhatsApp e da nossa comunidade no Facebook .

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!