Delegado da Cunha é réu por agressão contra sua ex-companheira
Reprodução: iG Minas Gerais
Delegado da Cunha é réu por agressão contra sua ex-companheira

O PSOL fará uma representação contra o deputado Carlos Alberto da Cunha, mais conhecido  Delegado da Cunha (PP-SP), no Conselho de Ética da Câmara. Os parlamentarem vão pedir cassação do político, réu por agressão contra sua ex-companheira, Betina Grusiecki. 

A representação do PSOL, que está sendo elaborada nesta segunda-feira (18), acontece após o programa Fantástico, da Rede Globo,  exibir vídeos e áudios de Da Cunha ameaçando e xingando sua ex-mulher. 

Por causa da repercussão do caso, a deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) exigiu a cassação. "Criminosos que atentam contra a vida das mulheres não podem ocupar espaços de poder ou serem representantes do povo. Exigimos que seu mandato seja cassado!", escreveu, em suas redes sociais. 

Já Sâmia Bomfim (PSOL-SP) chamou Da Cunha de "machista". "Machistas não passarão! Junto com a bancada do PSOL, denunciei o deputado Carlos Alberto Da Cunha no Conselho de Ética da Câmara. Um criminoso que atenta contra a vida das mulheres não pode seguir com um mandato parlamentar. A Câmara não pode se omitir: cassação já!", disparou.


O caso

Carlos Alberto da Cunha, de 46 anos, foi eleito deputado federal por São Paulo com mais de 180 mil votos, ganhando notoriedade na internet por seus vídeos de operações policiais.

O deputado se tornou réu em outubro do ano anterior em uma ação por violência contra Betina Grusiecki, de 28 anos. Segundo o Ministério Público, ele a ameaçou, agrediu e causou danos materiais. A acusação de violência doméstica ainda aguarda julgamento. O casal, que se conheceu em 2020, convivia junto e não tinha filhos. Betina descreveu à Justiça como era tratada durante o relacionamento de três anos, ressaltando episódios de agressão verbal e física.

A última agressão ocorreu no apartamento do casal em Santos, no litoral paulista, em 13 de outubro do ano anterior, uma sexta-feira. Durante uma discussão, Betina afirmou ter sido verbalmente agredida pelo deputado. No sábado seguinte, dia 14 de outubro, que coincidia com o aniversário do deputado, ele passou o dia fora com as crianças e, ao retornar à residência, segundo Betina, estava embriagado.

O vídeo apresentado pelo Fantástico é a gravação feita por Betina, que nunca havia sido divulgada anteriormente. Nele, é possível ouvir o deputado insultando sua então companheira e ameaçando matá-la. Embora em alguns momentos o rosto de Betina seja visível, a maior parte do vídeo contém apenas áudio.

- Da Cunha: “Vai correndo para casa da mamãezinha.”
- Betina: “Não. Não vou para casa da mamãe.”
[...]
- Da Cunha: “Pode parar. Pode parar, senão vou te matar aqui.”
- Betina: “Vai me matar?”
- Da Cunha: "Matar."
- Betina: “Ah, então mata.”
Após esse momento, é possível ouvir a respiração ofegante dela.
Betina grita: "Me solta. Chama a polícia. Chama a polícia! Sai".
Betina conta que chamou os filhos do deputado.

O Instituto Médico Legal (IML) confirmou lesões em Betina. No vídeo, brevemente, o rosto do deputado é visível, enquanto ele mexe na mochila onde está o celular. Em sua defesa à Justiça, o deputado alegou ter tentado evitar que Betina colocasse maquiagem na mala.

Ele negou os demais incidentes, porém o IML confirmou escoriações no couro cabeludo e lesões corporais leves em Betina.

O deputado também registrou um boletim de ocorrência alegando ser ele o agredido, citando um ferimento causado por um secador. O Ministério Público concluiu que Betina agiu em legítima defesa.

Diante da Justiça, o deputado tentou justificar os eventos com razões psicológicas e espirituais.

Após a agressão, Betina foi para a casa de seu pai. O deputado colocou as roupas danificadas em um saco de lixo e enviou para ela, junto com a quantia de R$ 5 mil. A mãe de Betina relatou que o deputado fazia ligações propondo um acordo. A Justiça concedeu medidas protetivas para Betina e seus pais contra o deputado, e ordenou que ele entregasse suas armas.

Já a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que o deputado está regularmente afastado para exercer a atividade parlamentar e que ele responde a cinco procedimentos na Corregedoria, que seguem sem decisão definitiva.

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