Delegado youtuber é afastado das ruas após xingar policiais de “ratos”
Reprodução: Arquivo pessoal
Delegado youtuber é afastado das ruas após xingar policiais de “ratos”

O programa Fantástico , da TV Globo , mostrou neste domingo (17) um vídeo ( assista abaixo ) do deputado federal Carlos Alberto da Cunha (PP-SP), também conhecido como "Delegado da Cunha" , réu por agressão contra sua ex-companheira, Betina Grusiecki, no ano anterior. A gravação, feita por Betina, revela insultos e ameaças proferidas pelo deputado. Betina relatou à Justiça que Da Cunha chegou a bater sua cabeça na parede e tentou sufocá-la.

Carlos Alberto da Cunha, de 46 anos, foi eleito deputado federal por São Paulo com mais de 180 mil votos, ganhando notoriedade na internet por seus vídeos de operações policiais.

O deputado se tornou réu em outubro do ano anterior em uma ação por violência contra Betina Grusiecki, de 28 anos. Segundo o Ministério Público, ele a ameaçou, agrediu e causou danos materiais. A acusação de violência doméstica ainda aguarda julgamento. O casal, que se conheceu em 2020, convivia junto e não tinha filhos. Betina descreveu à Justiça como era tratada durante o relacionamento de três anos, ressaltando episódios de agressão verbal e física.

A última agressão ocorreu no apartamento do casal em Santos, no litoral paulista, em 13 de outubro do ano anterior, uma sexta-feira. Durante uma discussão, Betina afirmou ter sido verbalmente agredida pelo deputado. No sábado seguinte, dia 14 de outubro, que coincidia com o aniversário do deputado, ele passou o dia fora com as crianças e, ao retornar à residência, segundo Betina, estava embriagado.

O vídeo apresentado pelo Fantástico é a gravação feita por Betina, que nunca havia sido divulgada anteriormente. Nele, é possível ouvir o deputado insultando sua então companheira e ameaçando matá-la. Embora em alguns momentos o rosto de Betina seja visível, a maior parte do vídeo contém apenas áudio.

  • - Da Cunha: “Vai correndo para casa da mamãezinha.”
  • - Betina: “Não. Não vou para casa da mamãe.”
  • [...]
  • - Da Cunha: “Pode parar. Pode parar, senão vou te matar aqui.”
  • - Betina: “Vai me matar?”
  • - Da Cunha: "Matar."
  • - Betina: “Ah, então mata.”

Após esse momento, é possível ouvir a respiração ofegante dela.
Betina grita: "Me solta. Chama a polícia. Chama a polícia! Sai".
Betina conta que chamou os filhos do deputado.

O Instituto Médico Legal (IML) confirmou lesões em Betina. No vídeo, brevemente, o rosto do deputado é visível, enquanto ele mexe na mochila onde está o celular. Em sua defesa à Justiça, o deputado alegou ter tentado evitar que Betina colocasse maquiagem na mala.

Ele negou os demais incidentes, porém o IML confirmou escoriações no couro cabeludo e lesões corporais leves em Betina.

O deputado também registrou um boletim de ocorrência alegando ser ele o agredido, citando um ferimento causado por um secador. O Ministério Público concluiu que Betina agiu em legítima defesa.

Diante da Justiça, o deputado tentou justificar os eventos com razões psicológicas e espirituais.

Após a agressão, Betina foi para a casa de seu pai. O deputado colocou as roupas danificadas em um saco de lixo e enviou para ela, junto com a quantia de R$ 5 mil. A mãe de Betina relatou que o deputado fazia ligações propondo um acordo. A Justiça concedeu medidas protetivas para Betina e seus pais contra o deputado, e ordenou que ele entregasse suas armas.

O que dizem os envolvidos

Betina não participou da reportagem do  FantásticoDa Cunha também não respondeu aos questionamentos do programa, mas seu advogado enviou uma nota: 

“Eu vou pedir a submissão desse vídeo à perícia. Porque esse vídeo não foi periciado [...]. Não estou falando que é inverídico, mas não passou pelo crivo do Instituto de Criminalística, não foi submetido à perícia oficial", afirma Eugenio Malavasi, advogado do parlamentar.

"Dentro de um contexto. Se ele disse isso, foi dentro de um contexto de cólera, dentro de um contexto de briga. Nós somos homens. Quando digo homens, seres humanos. Seres humanos têm discussões de casais. Um fato isolado na vida do deputado não pode estar embrionariamente ligado com exercício do mandato de deputado federal, do deputado Delegado da Cunha”, disse o advogado.

Já a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que o deputado está regularmente afastado para exercer a atividade parlamentar e que ele responde a cinco procedimentos na Corregedoria, que seguem sem decisão definitiva.

 Veja o vídeo:

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