O ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, negou, em depoimento à Polícia Federal (PF), que teria se encontrado com o ex-presidente Jair Bolsonaro em Orlando, nos Estados Unidos, em janeiro do ano passado. As informações são da CNN Brasil .
No depoimento, que rendeu 9 páginas e durou 5h na sede da PF, Torres afirmou que foi para Orlando no dia 6 de janeiro — dois dias antes das manifestações golpistas nas sedes dos Três Poderes em Brasília.
Na época, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) havia acabado de assumir o governo e Torres havia se tornado Secretário de Segurança do Distrito Federal.
O ex-presidente havia viajado para a mesma cidade uma semana antes, no dia 30 de dezembro — penúltimo dia de governo.
No depoimento de 22 de fevereiro, no âmbito da Operação Tempus Veritatis, que investiga a suposta tentativa golpe de Estado por Jair Bolsonaro e seus aliados, os agentes da PF questionaram Torres se ele havia encontrado o ex-presidente durante esse período, no 8 de janeiro ou após os atos antidemocráticos.
Torres negou. A PF também perguntou se ele viu, manteve contato por telefone ou mensagem com Bolsonaro, o que o ex-ministro negou novamente. Ele adicionou que não conversou em nenhum momento com o ex-capitão.
Na oitiva, o ex-ministro falou do sumiço de seu próprio telefone, que ficou nos EUA, e colocou alguns obstáculos no começo da investigação contra ele. Torres disse que, ao ficar sabendo do mandado de prisão após o 8 de janeiro, por suposta omissão, ficou “desnorteado, sem rumo” e, com isso, perdeu o celular, a carteira e os ingressos da Disney.
Posteriormente, a PF conseguiu acessar a nuvem do celular de Torres.
No depoimento, Torres também falou sobre a “minuta do golpe”, localizada no armário da sua própria casa. Ele afirmou que se tratava de um documento 'sem valor'.
Outro tópico abordado no depoimento foi reunião ministerial de julho de 2022. O ex-ministro afirmou que não viu crime em relação às suas falas e que só deve responsabilizado pelo que disse, e não pela postura dos demais presentes.
Torres foi detido assim que voltou dos EUA ao Brasil, em 14 de janeiro. Ele ficou preso quatro meses em um batalhão da Polícia Militar no Distrito Federal e foi solto por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).