Um grupo de mais de mil advogados bolsonaristas articula um encontro com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, para debater o processo eleitoral . Incomodados com a reunião do ministro com um grupo de juristas ligados a movimentos de esquerda, os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) pedem isonomia por parte da Justiça Eleitoral.
Fachin se reuniu na terça-feira (26) com o Grupo Prerrogativas, formado por advogados, especialistas, integrantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e professores, simpáticos à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em nota, os advogados, que dizem apoiar a reeleição de Bolsonaro, defendem o direito de "criticar e questionar" o processo eleitoral sem serem tachados de "negacionistas eleitorais", "fascistas" ou "antidemocráticos": "criticar e duvidar faz parte da essência humana e não pode a manifestação da dúvida e da crítica ser criminalizada como crime de opinião".
A iniciativa é liderada por Paulo Mafiolletti, coordenador do Movimento Advogados do Brasil junto da advogada Flávia Ferronato — influente entre bolsonaristas nas redes sociais. Mafiolletti organizou em 2018 uma campanha de advogados a favor da candidatura de Bolsonaro.
Mafiolletti diz "confiar no espírito público e democrático do presidente do TSE" e que não haveria motivos para deixar de recebê-los, mas que não planeja uma ação mais contundente caso Fachin recuse a reunião.
"Se o pedido não for atendido, demonstrará que há seletividade e partidarismo. (Vamos) apenas manifestar a situação nas redes sociais", afirma Mafiolletti, segundo quem a solicitação foi protocolada nesta tarde no TSE.
Ele é contrário ao manifesto pela democracia articulado pela Faculdade de Direito da USP, que alcançou na tarde desta quinta-feira mais de 250 mil assinaturas. Em seu Instagram, o advogado escreveu sobre o documento: "Essa elite burguesa burocrata da juristocracia e tecnocracia com os demais militantes querem pautar o povo brasileiro com seu discurso enviesado".
Fachin passa recado
O presidente do TSE voltou a dizer, na reunião de terça-feira, que a Justiça Eleitoral "não tolerará violência" durante as eleições de outubro, e "não medirá esforços para agir, a fim de coibir a violência como arma política e enfrentar a desinformação como prática do caos".
"Não toleraremos violência eleitoral, subtipo da violência política. A Justiça Eleitoral não medirá esforços para agir, a fim de coibir a violência como arma política e enfrentar a desinformação como prática do caos", afirmou o ministro.
O encontro serviu para a entrega da "Carta aos brasileiros", um manifesto em defesa da democracia que está sendo articulado por um grupo de empresários, juristas, artistas, intelectuais e esportistas.
Segundo Fachin, e sem citar nomes, o TSE não se curvará perante os ataques ao sistema eleitoral brasileiro e às urnas eletrônicas.
"O TSE não está só, porquanto a sociedade não tolera o negacionismo eleitoral. O ataque às urnas eletrônicas como pretexto para se brandir cólera não induzirá o país a erro. Há 90 anos, criamos a Justiça Eleitoral para que ela conduzisse eleições íntegras e o Brasil confia na sua Justiça", disse.
Entre no canal do Último Segundo no Telegram e veja as principais notícias do dia no Brasil e no Mundo. Siga também o perfil geral do Portal iG .