Nelma Kodama em viagem pela Europa
Reprodução / Instagram
Nelma Kodama em viagem pela Europa

Presa em Portugal por suspeita de envolvimento em um esquema de tráfico internacional de drogas, a doleira Nelma Kodama  foi vinculada pela Polícia Federal (PF) à maior facção criminosa de São Paulo. A suspeita, no entanto, alega que apenas negociava a compra e venda de ouro.

Nelma é apontada como integrante de uma quadrilha que comercializava entorpecentes para a Europa . A organização criminosa transportava cocaína escondida na fuselagem de aeronaves de luxo para o continente europeu.

De acordo com a PF, Nelma fazia parte de um grupo integrado com membros do alto escalão da facção criminosa paulista. Ela e outros suspeitos, como Marcelo Mendonça de Lemos, conhecido como Marcelo Grandão e Marcelo Infraero, seriam os responsáveis por comprar as drogas e transportar para os clientes na Europa. A informação foi publicada pelo Estadão.

A doleira foi namorada de Rowles Magalhães, também preso na operação da PF e suspeito de integrar a quadrilha. Nesta quarta-feira, a imprensa portuguesa divulgou uma troca de mensagens entre eles na qual há uma negociação em andamento. Para os investigadores, a conversa mostra que os dois mantinham uma parceria no tráfico internacional de drogas.

Magalhães: "Estou chegando com visita aí".

Nelma: "Ok amor".

Magalhães: "Vc não muda o valor com o T".

Nelma: "Problema que devemos 2 mm".

Nelma: "400 x 6000 da 2.400"

Magalhães: "Dá no mínimo 3k a metade"

Nelma: "Falo pr T me dar 3 no total?"

O advogado Adib Abdouni, representante de Nelma, sustenta que os diálogos no WhatsApp estão fora de contexto. Para o defensor, os investigadores cometeram um erro de interpretação. Ele alega que a conversa era sobre investimentos legais em metais preciosos.

"Ela vai provar que realmente não mexia com drogas e sim que mexia com ouro. E eles vão fazer toda a identificação disso, de onde adquiriram, como adquiriram, o que fizeram para transporte de ouro. Nunca mexeram com drogas", afirmou Abdouni, à SIC.

Abdouni esteve ontem no Estabelecimento Prisional de Tires, nos arredores de Lisboa, onde Nelma está presa. A suspeita permanece isolada das outras reclusas e aguarda o pedido de extradição das autoridades brasileiras.

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Tráfico de drogas

Nelma foi presa em um hotel de luxo em Portugal na semana passada. Ela é suspeita de envolvimento em esquema de tráfico internacional de drogas , no âmbito da Operação Descobrimento.

A operação também prendeu o lobista Rowles Magalhães, ex-namorado de Nelma. Ele está detido na Polícia Federal em São Paulo.

A investigada também é ex-namorada do também doleiro Alberto Youssef e ganhou notoriedade por ter sido uma das delatoras da Operação Lava-Jato, pela qual foi condenada a 18 anos de prisão em 2014.

"A  Nelma não tem relação alguma com tráfico de drogas, ela só foi presa porque se relacionou por um tempo com o Rowles", afirmou o advogado. "Pelo que está nos autos e tive acesso, nada vincula a Nelma ao tráfico", acrescentou Abdouni.

Investigações

As investigações tiveram início em fevereiro de 2021, quando um jato executivo Dassault Falcon 900, pertencente a uma empresa portuguesa de táxi aéreo, pousou no aeroporto internacional de Salvador para abastecimento. Após inspeção, foram encontrados cerca de 595 kg de cocaína escondidos na fuselagem da aeronave.

A PF identificou a estrutura da organização criminosa atuante nos dois países. O grupo era composto por fornecedores de cocaína, mecânicos de aviação e auxiliares, transportadores e doleiros, encarregados da movimentação financeira.

As medidas judiciais foram expedidas pela 2ª Vara Federal de Salvador e pela justiça portuguesa. Além de mandados de buscas e apreensão e de prisão preventiva, foram decretados o sequestro de imóveis e bloqueios de valores em contas bancárias usadas pelos investigados.

Lava-Jato


Nelma foi acusada de atuar em parceria com Youssef em um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou mais de R$ 10 bilhões em valores da época. Depois de cumprir cinco anos de pena por organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa — entre o regime fechado e domiciliar —, ela se livrou em 2019 da tornozeleira eletrônica que usou por três anos.

Endividada, a doleira chegou a montar um bazar de peças das grifes mais caras do mundo, quando devia à Justiça mais de R$ 100 milhões em multas pelos crimes de sonegação fiscal, em reparação de danos apurados pela Lava-Jato e impostos retroativos. Nos tempos de milionária, ela movimentava em um único mês cerca de US$ 200 milhões sem documentação.

Nelma foi presa em 2014 no âmbito da Lava-Jato com 200 mil euros na calcinha, quando tentava embarcar no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.

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