A doleira Nelma Kodama , ex-namorada do também doleiro Alberto Youssef, foi presa pela Polícia Federal nesta terça-feira em um hotel de luxo de Portugal. Ela foi a primeira delatora da Lava-Jato e condenada a 18 anos de prisão em 2014.
Nelma foi detida no âmbito da Operação Descobrimento, deflagrada para combater o tráfico internacional de drogas. Os agentes cumprem mandados em cinco estados brasileiros - Bahia, São Paulo, Mato Grosso, Rondônia, Pernambuco — e Portugal.
As investigações tiveram início em fevereiro de 2021, quando um jato executivo Dassault Falcon 900, pertencente a uma empresa portuguesa de táxi aéreo, pousou no aeroporto internacional de Salvador para abastecimento. Após inspeção, foram encontrados cerca de 595 kg de cocaína escondidos na fuselagem da aeronave.
A PF identificou a estrutura da organização criminosa atuante nos dois países. O grupo era composto por fornecedores de cocaína, mecânicos de aviação e auxiliares, transportadores e doleiros, encarregados da movimentação financeira.
As medidas judiciais foram expedidas pela 2ª Vara Federal de Salvador e pela justiça portuguesa. Além de mandados de buscas e apreensão e de prisão preventiva, foram decretados o sequestro de imóveis e bloqueios de valores em contas bancárias usadas pelos investigados.
Nelma foi acusada de atuar em parceria com Youssef em um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou mais de R$ 10 bilhões em valores da época. Depois de cumprir cinco anos de pena por organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa — entre o regime fechado e domiciliar —, ela se livrou em 2019 da tornozeleira eletrônica que usou por três anos.
Endividada, a doleira chegou a montar um bazar de peças das grifes mais caras do mundo, quando devia à Justiça mais de R$ 100 milhões em multas pelos crimes de sonegação fiscal, em reparação de danos apurados pela Lava-Jato e impostos retroativos. Nos tempos de milionária, ela movimentava em um único mês cerca de US$ 200 milhões sem documentação.
Nelma foi presa em 2014 no âmbito da Lava-Jato com 200 mil euros na calcinha, quando tentava embarcar no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.
Procurada, a defesa de Nelma ainda não se manifestou. O espaço segue aberto.