Enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem silenciado sobre o caso da atuação de pastores lobistas e supostos pedidos de propina no Ministério da Educação (MEC), seus adversários vêm aproveitando a repercussão das suspeitas para criticar seu governo. Ao mesmo tempo, os pré-candidatos à presidência da República evitam citar o envolvimento de lideranças evangélicas nas acusações — segmento que é visto como estratégico para as eleições deste ano.
Na manhã desta quinta-feira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu que os governos petistas foram os que "mais criaram instrumentos de fiscalização". Ele insinuou que na gestão Bolsonaro não estariam ocorrendo mais denúncias de corrução porquê os órgãos de investigação não funcionam mais como antes.
"Os governos que mais criaram instrumentos de fiscalização foram os governos do PT. Por que não aparece denuncia de alguns governos? Porque se nada é investigado, não aparece corrupção. Agora mesmo estão denunciando uma quadrilha na educação, mas onde está a investigação?", postou Lula.
Em viagem pela Alemanha, o ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Sergio Moro (Podemos), aproveitou para gravar um vídeo e criticar o ex-chefe. Ele afirmou que o país "não pode virar uma terra de bandido" e pediu investigação das autoridades sobre o caso.
"Verba do Ministério sendo liberada pra uma pessoa indicada pelo Bolsonaro. Agora vem essa história de que essa pessoa teria pedido propina. Em ouro até", diz Moro, completando: " Isso tem que ser investigado pela Polícia Federal e pela PGR (Procuradoria Geral da República), não vamos deixar ser varrido de novo para debaixo do tapete."
Já Ciro Gomes (PDT), repercutiu o caso em declaração ao jornal "Folha de S. Paulo", chamando o governo Bolsonaro de "dramaticamente corrupto". Ele pediu investigação do Ministério Público e do procurador-geral da República, Augusto Aras.
"É um governo dramaticamente corrupto. Agora não está escolhendo a área. Saúde em plena pandemia, educação num momento trágico...Como vamos recuperar dois anos praticamente de escolarização perdida pela estrutura de educação de todos os níveis pelo Brasil? Isso é um bandido.
A crise no Ministério da Educação ganhou tração após um áudio em que o ministro da pasta, Milton Ribeiro, relata um “pedido especial” do presidente Bolsonaro para priorizar liberação de verbas a aliados dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. Durante o mandato, Bolsonaro recebeu os pastores quatro vezes em Brasília e chegou a declarar que participaria de um evento evangélico organizado por Gilmar no Maranhão.
Prefeitos que tentaram ter acesso a recursos do MEC para a construção de escolas relataram ao GLOBO que o pastor Arilton Moura, apontado como lobista na pasta, teria pedido propina para ajudá-los a destravar a verba do órgão. Um deles contou que a vantagem indevida foi solicitada tanto em dinheiro como por meio de compra de Bíblias.
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