Guilherme Boulos e Marina Silva
Montagem iG / Marcello Casal jr/Agência Brasil e Marcello Casal jr/Agência Brasil
Guilherme Boulos e Marina Silva

Com aliança próxima de ser selada após a Rede ter aprovado uma federação com o PSOL anteontem, as siglas de esquerda agora voltam sua atenção para a tentativa de aumentar significativamente suas bancadas na Câmara dos Deputados. Segundo O GLOBO apurou, uma das principais estratégias discutidas é a aposta em nomes de peso como puxadores de votos, entre eles a ex-senadora Heloísa Helena, no Rio, e, possivelmente, a ex-ministra Marina Silva, em São Paulo. Guilherme Boulos também é cotado. No Distrito Federal, o ex-governador Cristovam Buarque iniciou conversas para uma candidatura.

Dirigentes das legendas defendem ainda a apresentação de candidatos com foco em pautas nacionais, o que avaliam ser um diferencial importante, em oposição aos representantes do Congresso com interesses muito localizados. A expectativa é que, juntos, consigam eleger até 20 deputados — os dois partidos somam hoje 11 parlamentares, sendo apenas um da Rede.

As candidaturas de Marina Silva e Heloísa Helena seriam uma tentativa de aumentar o cacife da Rede na correlação de forças entre as siglas.

"Temos que dar exemplo e disponibilizar nossos nomes. Estamos todos convocados a cumprir a tarefa partidária", disse a presidente da Rede, Heloísa Helena, ao GLOBO, ao confirmar sua candidatura.

A Rede também iniciou conversas com Cristovam Buarque, sem mandato desde 2018, e já confirmou as candidaturas do deputado Túlio Gadelha (PE), ex-PDT, e de Wanda Witoto, liderança indígena do Amazonas.

No PSOL, que ainda precisa aprovar oficialmente a federação, um dos nomes mais cotados é o do líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos , pré-candidato ao governo estadual, que teve 1, 1 milhão de votos no primeiro turno da eleição à prefeitura de São Paulo em 2020 . Nos bastidores, há uma articulação para que ele desista da candidatura e ajude a federação na eleição proporcional. Procurado, Boulos não se manifestou.

Em nota, o presidente do PSOL, Juliano Medeiros, informou que a “decisão da Rede mostra confiança no PSOL e abertura para construir um projeto de esquerda renovado”. Já o porta-voz nacional da Rede, Wesley Diógenes, diz que a federação ambiciona ter deputados eleitos em pelo menos seis estados: Rio, São Paulo, Amapá, Rio Grande do Sul, Minas e Bahia.

"Colocaremos no centro do debate questões sociais e ambientais", diz Diógenes.

Renovação real

O cientista político da FGV Claudio Couto acredita que a federação PSOL-Rede pode contribuir de fato para uma renovação da política nacional:


"Trata-se da união de dois partidos de perfis programáticos, com quadros preocupados com a formulação de políticas gerais e não tanto paroquiais, presentes na maioria das siglas brasileiras."

Entre as pautas coincidentes destacam-se, diz Couto, a defesa das minorias identitárias, o combate ao racismo e a proteção ao meio ambiente. As principais divergências estão no campo econômico, com o PSOL defensor de um Estado intervencionista, e a Rede com posições mais liberais.

A federação deve apoiar a candidatura do  ex-presidente Lula (PT) à Presidência, mas a Rede pode anunciar a liberação da militância para escolher entre o petista e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT). Heloísa Helena sinalizou que deve apoiar Ciro, enquanto o senador Randolfe (Rede-AP) será um dos coordenadores da campanha de Lula.

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