Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, o senador Omar Aziz (PSD-AM) criticou o espaço dado a negacionistas da vacina contra a Covid-19 no Senado Federal. Nesta segunda-feira (14), a Casa sediou uma audiência sobre a exigência do passaporte sanitário , com a participação de profissionais que se posicionam contra a imunização.
"É lastimável levar negacionista. O Senado não pode compactuar com isso", frisou Aziz, ao ser procurado pelo iG
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A sessão foi proposta e presidida por Eduardo Girão
(Podemos-CE). Ao longo da audiência, o parlamentar argumentou que o objetivo da sessão era “ouvir os dois lados”.
Um vídeo publicado pelo site Metrópoles mais cedo mostrou o teor de alguns discursos, como o da médica infectologista Roberta Lacerda, que classificou a eficácia vacinal como um "mito", e do médico neurocirurgião José Augusto Nasser, que afirmou que mais de 90% dos internados em UTIs nos centros intensivistas do Distrito Federal estão totalmente vacinados.
A declaração dele é refutada por uma matéria publicada pelo site, sediado em Brasília, que indica justamente o contrário: 90% das pessoas internadas por Covid-19 se vacinaram ou não completaram o esquema vacinal, conforme divulgado pela Secretaria de Saúde no dia 25 de janeiro.
O iG também observou o discurso do psicólogo Bruno Campello, um dos últimos a se apresentar na sessão. Para ele, as crianças não precisam de vacina. "Não há como se justificar qualquer investimento de tempo, esforço, dinheiro ou risco numa vacinação em massa com base nos atuais inoculantes, muito menos a sua obrigatoriedade, especialmente em se tratando das crianças", finalizou sua apresentação, transmitida ao vivo no Youtube do Senado.
Esse posicionamento é rebatido por especialistas que avaliam a situação vulnerável das crianças no atual contexto da pandemia, com o aumento de casos e óbitos em decorrência da variante ômicron. “De 2020 para 2021 houve um crescimento na proporcionalidade da doença em crianças, e hoje nós temos números que não podem ser ignorados. Desde o início da pandemia já internamos 34 mil crianças. Mais de 6 mil crianças tiveram síndrome respiratória aguda grave. Então nós não podemos menosprezar esses números”, ressaltou a médica Flávia Bravo, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), em entrevista ao iG, em janeiro.
Ela pontua que os mais suscetíveis a se contaminar com o vírus são os grupos que ainda não estão vacinados, por isso, as crianças são consideradas os principais alvos.