O Senado promoveu nesta segunda-feira uma sessão de debates na qual alguns convidados usaram notícias falsas para colocar em dúvida a eficácia de vacinas contra a Covid-19. O encontro foi presidido pelo senador Eduardo Girão (Podemos-CE).
Na reunião, que aconteceu no plenário do Senado, também estiveram presentes as deputadas federais Bia Kicis (PSL-DF), Carla Zambelli (PSL-SP) e a deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP).
Em todo o país, quase 80% da população recebeu a primeira dose do imunizante. A segunda dose da vacina, por sua vez, foi aplicada em aproximadamente 70%. Os dados são do consórcio formado por O GLOBO, Extra, G1, Folha de S.Paulo, UOL e O Estado de S. Paulo que reúne informações das secretarias estaduais de Saúde.
Durante a sessão no Senado, a médica infectologista Roberta Lacerda afirmou que o nível de anticorpos acima de 95% que possibilita a eficácia vacinal "caiu por terra ao longo do tempo".
— Essa eficácia vacinal é o que eu chamo de mito, porque evitar a infecção não é o que nós estamos vendo com os inúmeros surtos e dada as mutações das várias cepas, variantes de preocupação — disse a médica.
Ela chegou a insinuar, em certo momento, que "o número de caso de cânceres vai aumentar muito" como suposta consequência aplicação dos imunizantes, sem apresentar embasamento científico.
Apesar das declarações, a adesão à campanha de vacinação no Brasil contribuiu para reduzir os números de transmissão, hospitalização e mortes decorrentes do novo coronavírus.
Conforme mostrou o GLOBO, no final do mês passado, o Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, em Acari, na Zona Norte do Rio de Janeiro, a maioria dos casos graves de Covid-19 — mais de 90% — era de não vacinados ou indivíduos com vacinação incompleta.
O líder do PL, Carlos Portinho (RJ), que é defensor do passaporte vacinal no Brasil, reforçou que os imunizantes desaceleraram o número de mortes no país:
— A vacinação é obrigatória. Ela nunca foi compulsória no nosso país. Cabe ao Governo conscientizar a população da sua necessidade. Sem a vacina, nós tínhamos 600 mil mortes no país; quatro, cinco meses depois, temos 625 mil, na maior parte, pessoas não vacinadas ou, pelo menos, não com o seu ciclo completo.